Mentes que funcionam fora do padrão comprovam: desenvolver novas habilidades é questão de treino
Quando assistiu ao filme O Show de Truman, Rômulo de Andrade Faria ouviu a “Marcha Turca”, de Mozart, e quis tocar. “Tinha uma partitura dela em casa, e peguei para ler. Achei muito chato e desisti em meia hora”, conta. Porém, ele baixou a música, ouviu e logo conseguiu reproduzi-la. Rômulo não lembra bem quando começou a tocar música de ouvido, mas sabe que, com cerca de 12 anos, já tinha uma banda com amigos e executava a música que pedissem nas rodas de família. “Geralmente, se tiver ouvido a música uma única vez, já consigo tocá-la”, garante o tradutor, especialista em teclado e piano. A habilidade traz vantagens quando Rômulo vai trabalhar para outros músicos ou em uma banda. “Vou sem ensaiar, só preciso ouvir os músicos antes”, diz. E também rende um benefício na profissão, uma vez que seu bom ouvido ajuda nas atividades de audição do inglês. Mas também tem seus contratempos. “Se estou em um bar com som ao vivo e o músico dá uma nota fora, eu noto, incomoda. Está todo mundo curtindo e eu sou o que fala que ele está dando acordes na trave. É bem chato”, lamenta, em tom de brincadeira.
O dono do título de “Melhor Memória do Brasil em Palavras” foi capaz de memorizar e responder 200 palavras em 18 minutos de prova. Para Cláudio Luvizzotti, guardar termos, cartas e números é só diversão. Mas essa capacidade de memorizar abriu oportunidades em sua vida. Tudo começou aos 18 anos, quando sofreu um acidente e teve um traumatismo craniano. Por recomendação médica, começou a treinar a memória para minimizar os efeitos colaterais dos remédios. Hoje, Luvizzotti é palestrante e faz treinamentos por todo o País. “O benefício é amplo, e acontece o tempo todo: a cada matéria que leio e guardo, a cada surpresa no rosto da pessoa que me diz: ‘Você se lembrou de mim’”, conta.
Para Cláudio, mudar o padrão de aprendizado é questão de treino. Para Rômulo, a habilidade de tirar músicas de ouvido certamente melhorou com os anos, mas alguma coisa já estava ali antes. “O que pode ter estimulado essa ‘facilidade musical’ é que minha mãe passou a gravidez ouvindo Vivaldi”, especula. A ciência parece confirmar parte dessas impressões. “Há pessoas com habilidades que, muitas vezes, desconhecem”, diz Aurélio Dutra, assessor médico em neurologia do Fleury. “Não há um exame que demonstre essas diferenças. Mas há algo que faz com que a pessoa reaja de maneira diferente e se desenvolva mais rápido naquela tarefa”, explica.
Apesar de existirem talentos natos, tudo ainda é questão de treino. “Sem isso, essas pessoas são comuns. Ao mesmo tempo, uma pessoa comum pode treinar qualquer habilidade e, ainda que não se torne o número um, pode ser muito bom naquilo”, garante o neurologista. Os médicos recomendam, ainda, trabalhar de tempos em tempos com habilidades diferentes do que se costuma usar no cotidiano, para fazer uma espécie de “reserva cognitiva”. “Está cientificamente comprovado que estimular o cérebro dessa forma previne o declínio cognitivo que normalmente acontece com o envelhecimento”, garante Aurélio.
A ciência ainda investiga o funcionamento de mentes fora do convencional. Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) sugere que empreendedores usam os dois lados do cérebro de uma maneira diferente quando tomam decisões. Eles ainda não sabem dizer, porém, o que veio antes: se pessoas com mentes diferentes tendem a se tornar empreendedoras ou se elas têm mentes diferentes por conta dos tipos de decisão que estão mais acostumadas a tomar. O empreendedor Julio Vasconcellos, cofundador do Peixe Urbano, conta que sempre gostou de empreender. “Desde garoto, ficava pensando em novas ideias”, diz. Aos 14 anos, criou uma empresa de jardinagem. “Contratava amigos que tinham máquina de cortar grama, fazia o marketing dos serviços e ficava com parte da renda”, diz. Julio foi cofundador de diversas startups e credita ao período que passou no Vale do Silício boa parte do seu aprendizado. “Mas não existe uma receita de bolo. O que recomendo é seguir o mantra ‘não fale, faça’. A melhor forma de saber se uma ideia de negócio é boa mesmo é testando sua hipótese no mercado”, ensina.
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