Londres, 25 de junho de 1998. Sozinho no camarim do Barbican Centre, aguardo o momento de subir ao palco para tocar ao lado da Royal Philharmonic Orchestra. O burburinho da plateia lotada chega até mim como o bramido de um mar distante. Nesse dia, completo 58 anos e mais de meio século já se passou desde que dedilhei pela primeira vez o teclado de um piano. Mas não é isso que torna a data tão especial. Três horas antes, eu havia conversado por telefone com meus médicos em Miami. E confirmei a operação que iria seccionar o nervo de minha mão direita, acabando para sempre com minha carreira de pianista. A multidão que se aglomera na plateia não sabe de nada, nem os músicos, nem a imprensa. Apenas eu e meus médicos sabemos que aquele é meu concerto de adeus. Fiz questão de não criar nenhum drama público. Nas próximas horas, a dor que eu levaria para o palco seria minha – e de mais ninguém. Apagam-se as luzes e o chefe de palco me chama para entrar. Enfrento a plateia como um velho leão que oculta suas cicatrizes. Contudo, no segundo movimento do concerto, se uma câmera se aproximasse de meu rosto, captaria as lágrimas escorrendo, discretas, inexoráveis.
Veja todas as informações sobre os testes COVID-19 e conheça as principais dúvidas e suas respostas.
Conheça o novo teste RT-PCR de saliva do Fleury.
Agora você pode contar com mais uma localização privilegiada para realizar seus exames.
Confira os protocolos que utilizamos e foram desenvolvidos por especialistas com base nas mais atualizadas referências científicas para realização de RT-PCR.