Milhares de brasileiros têm se submetido, nos últimos anos, às cirurgias de combate à obesidade, também conhecidas como bariátricas.
Milhares de brasileiros têm se submetido, nos últimos anos, às cirurgias de combate à obesidade, também conhecidas como bariátricas. Segundo dados recentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), cerca de 30 mil procedimentos foram feitos em 2009. Este número é 500% maior do que dez anos atrás, quando cerca de 5 mil cirurgias semelhantes foram realizadas. Todos os pacientes, sem exceção, tiveram de passar por uma rigorosa readaptação alimentar. Aliás, as dúvidas sobre como fica a alimentação após a intervenção estão entre as mais frequentes.
Os profissionais envolvidos nos procedimentos do aparelho digestivo admitem que a rotina alimentar não é muito simples. Mas todos sobrevivem, garantem. “Diante das dúvidas e inseguranças dos pacientes, costumo lembrar das milhares de pessoas que já passaram pela cirurgia e conseguiram superar todas as fases. Basta disciplina e força de vontade”, afirma o gastroenterologista Thomas Szego, presidente da SBCBM.
Segundo ele, o tipo de alimentação no pós-operatório varia de acordo com a orientação da equipe médica que coordena o procedimento. “É preciso lembrar que o estômago será reduzido e, portanto, haverá cortes e suturas, ou seja, procedimentos de unir ou costurar os tecidos do corpo humano. As suturas precisam cicatrizar corretamente e a forma mais tranquila para isso acontecer é com uma alimentação líquida, que protege os pontos”, diz o médico, que, porém, admite: “Esta primeira fase é muito pouco usual, afinal, não estamos acostumados a ingerir apenas líquido o dia inteiro”. A fase líquida pode variar de 20 a 30 dias. Aí, então, progride-se para a pastosa, que também pode variar na duração, até chegar ao cardápio de alimentos com a textura “normal”.
É importante esclarecer que ninguém faz uma cirurgia bariátrica sem um bom acompanhamento multidisciplinar. Em cada etapa do processo, o paciente deve receber uma boa orientação do nutricionista, além de apoio psicológico e acompanhamento do cirurgião que realizou o procedimento.
Cardápio líquido variado
Para os primeiros dias, segundo Maurício Saab Assef, endoscopista do Fleury Medicina e Saúde, o paciente pode ingerir, de modo bem fracionado, pelo menos 2 litros de líquidos. “Não se pode beber uma parte pela manhã, outra à tarde e outra à noite, porque o estômago não deve receber grandes quantidades de uma vez só”, afirma o médico.
Segundo a SBCBM, as doses precisam ser pequenas e tomada em intervalos curtos porque o paciente tem de se manter muito bem hidratado, afastando os problemas decorrentes da baixa ingestão de líquidos. “Devem ser evitados líquidos com gás, como os refrigerantes, para não provocar a distensão estomacal, além de leite e derivados, porque algumas técnicas cirúrgicas acabam dificultando a digestão de substâncias lácteas”, afirma Assef. Na dieta líquida estão liberados a água sem gás, os chás e sucos de frutas coados sem açúcar e os caldos de carne, aves ou peixe, também coados. “Pode-se ingerir líquidos adequadamente aquecidos, sem problema”, diz Assef.
A fase líquida é seguida da pastosa, quando a comida ganha a consistência igual à das primeiras papinhas de bebê, com arroz empapado, purês, suflês ou ainda carne moída bem cozida. Permanece a recomendação para que a ingestão seja feita em pequenas porções e diversas vezes ao dia. O paciente é orientado a não ingerir mais alimentos do que a nova capacidade gástrica permite. Uma dica interessante da SBCBM é que o paciente use talheres e pratos de sobremesa. “Nesta fase, o paciente também treina a mastigação, que precisa ser muito bem feita, sem pressa, para evitar engasgos”, diz Carla Yamashita, nutricionista do Fleury Medicina e Saúde.
""Em cada etapa, o paciente deve receber uma boa orientação do nutricionista, além de apoio psicológico e acompanhamento do cirurgião que realizou o procedimento. Ninguém faz uma cirurgia bariátrica sem um bom acompanhamento multidisciplinar""
O período de alimentação pastosa varia de paciente para paciente e das orientações da equipe médica. Uma vez superado, será substituído pelo período de alimentos de consistência “normal”. “A partir deste momento, o paciente é liberado para, em princípio, comer de tudo”, diz Assef. O médico frisa o ‘em princípio’ porque as pessoas podem ter certa intolerância a alimentos mais fibrosos, como carnes e alguns legumes.
Se, com o tempo, a consistência da comida fica liberada, isso não ocorre, no mesmo ritmo, com as bebidas alcoólicas. “Recomendamos não ingeri-las nos primeiros meses porque, por conta da alteração no trajeto do aparelho digestivo, a absorção do álcool passa a ocorrer de forma mais rápida e mais intensa, fazendo com que o paciente fique alcoolizado mais facilmente”, explica o endoscopista. Outra rotina esperada é a prescrição diária de suplementos vitamínicos, além do aumento do consumo de alimentos ricos em vitaminas, porque a absorção desses nutrientes também muda, ficando mais difícil.
O paciente precisa aproveitar esse período de adaptação para aprender, gradativamente, a comer de tudo, porém, em menor quantidade. Deve também estar ciente de que a cirurgia é apenas um apoio na diminuição do peso. “Não é o procedimento cirúrgico que fará o papel do paciente na redução da ingestão alimentar”, alerta Assef. A disciplina e a colaboração são a chave para o sucesso nesta nova etapa da vida. Do contrário, o peso poderá voltar e as possibilidades de se realizar uma segunda cirurgia bariátrica são pequenas.
Dicas para a alimentação bem-sucedida
Evite:
[ ] Comer e beber ao mesmo tempo
[ ] Alimentos mal tolerados
[ ] Doces e alimentos gordurosos
[ ] Comer rápido e mastigar pouco
[ ] Café e refrigerante
[ ] Alimentos à base de leite logo após a cirurgia
Invista:
[ ] Em suplementação de vitaminas e minerais prescrita pelos profissionais que o atendem.
[ ] Em acompanhamento médico e nutricional por vários anos após a cirurgia.
[ ] Em alimentos com vitamina C, como limão na salada ou frutas cítricas na sobremesa.
[ ] Em carne vermelhas, ovos, peixes, leguminosas e folhas verdes que ajudam no combate à anemia.
[ ] Em alimentos ricos em vitaminas A, B12, E, K, em tiamina, folato e cálcio.
[ ] Em banhos de sol, até às 10 ou após as 17 horas, uma ótima opção para a recuperação da vitamina D.
Fonte: Carla Yamashita, nutricionista do Fleury Medicina e Saúde
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