No mundo dos negócios, Antonio Maciel Neto é conhecido por ter presidido grandes empresas como Cecrisa, Grupo Itamarati e Ford. Há mais de quatro anos, está à frente da Suzano Papel e Celulose, uma das maiores do mundo quando o assunto é produção de celulose e papel.
No mundo dos negócios, Antonio Maciel Neto é conhecido por ter presidido grandes empresas como Cecrisa, Grupo Itamarati e Ford. Há mais de quatro anos, está à frente da Suzano Papel e Celulose, uma das maiores do mundo quando o assunto é produção de celulose e papel. A fama do executivo se deve aos bons resultados que gerou nessas companhias. Na Ford, por exemplo, ele promoveu um turnaround (jargão do mundo corporativo que significa guinada) gigantesco, tirando a empresa de um prejuízo de US$ 600 milhões por ano para um lucro superior a US$ 1 bilhão por ano. Hoje, Maciel comanda uma empresa que conta com mais de 4 mil funcionários, produz 2,9 milhões de toneladas de papel e celulose de mercado por ano e tem escritórios em quatro continentes, da América do Sul à Ásia. Em entrevista à Fleury Saúde em Dia, ele conta como é a rotina de um grande executivo e como decidiu, no ano passado, promover uma nova guinada, mas, agora, na sua própria saúde.
Fleury: Como é a rotina diária de um executivo?
Antonio Maciel Neto: Minha rotina de trabalho é dividida em duas frentes: a rotina no escritório e a fora do escritório. No escritório, passo o tempo todo conversando com as pessoas, falando sobre os negócios, fazendo revisões das metas, dos projetos, aprovações de investimentos e entrevistando candidatos para promoções internas ou contratações externas. Meu dia começa por volta de 8 h e eu saio por volta de 19h30, o que dá uma média de 12 horas de trabalho por dia. Outra parte importante é a rotina fora do escritório. Essa inclui visitas aos clientes, fornecedores, investidores que compram as ações da Suzano, tanto dentro do Brasil quanto no exterior. Neste mês [a entrevista foi feita em 26 de maio] já estive duas vezes nos Estados Unidos, e depois de amanhã vou para a China e outros países da Ásia em uma viagem de 15 dias. Então, basicamente, eu passo metade do mês no escritório e metade fora dele.
Fleury: Como essa agenda afeta sua vida?
AMN: Eu viajo há 30 anos. Então, posso dizer que já aprendi a fazer isso (risos). E organizo bem esse assunto do fuso horário. Quando vou para a China, por exemplo, opto por uma rota em que chegue lá pela manhã, indo pela Europa. Pego um voo que chega em Xangai por volta de 8 h da manhã local. Vou direto trabalhar e volto para o hotel somente à noite. Além disso, procuro descansar e dormir bem durante as viagens, mas reconheço que é uma rotina difícil, com mudanças de alimentação, de cama, de clima.
Fleury: Como é lidar com desafios em empresas cujos números se medem em milhões e bilhões de reais ou dólares, com milhares de empregados?
AMN: Sou presidente de empresas há 17 anos. Comecei minha carreira trabalhando na Petrobras. Também trabalhei na Cecrisa, no Governo Federal, na Ford, e agora estou na Suzano. Claro que toda empresa tem a sua particularidade, mas existem coisas que são comuns, com as quais um presidente tem que se preocupar cotidianamente. A primeira delas é pensar na estratégia de longo prazo para os negócios, saber onde se quer chegar daqui a cinco ou dez anos, por exemplo. E faço reuniões diárias sobre essas metas e projetos para o futuro. Depois, é importante cuidar da execução. Checo diariamente a produção de todas as fábricas, vejo as vendas do dia anterior, volumes, preços. E também é importante cuidar das pessoas. Quem ganha o jogo é o time, ninguém ganha nada sozinho. Então, meu foco está sempre na estratégia, na execução e no time.
Fleury: Todos esses desafios devem gerar uma grande carga de responsabilidade e de estresse. Como gerenciar tudo isso?
AMN: Sim, claro que gera. Tem muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo dentro de uma empresa. Aqui na Suzano, por exemplo, plantamos, todos os dias, cerca de 400 mil árvores. Também temos uma produção diária de 7 a 8 mil toneladas de celulose e papel. Então, no dia em que não se produz ou quando ocorre algum problema, é um estresse danado, mas a questão é que eu gosto muito do que faço. E acho que a competição entre as empresas é como um esporte coletivo. Estamos aqui disputando um campeonato pela preferência do consumidor. Então, encaro a minha rotina como uma partida de um campeonato na qual estou sempre procurando estratégias e desenvolvendo práticas para ganhar. E o estresse se concentra no processo decisório. Para controlá-lo, procuro seguir métodos e ter disciplina na hora de decidir.
Fleury: Mas há algo que você faça fora do escritório para aliviar a tensão?
AMN: Eu gosto muito de esporte. E preciso confessar: sou um jogador de basquete frustrado (risos). Quando tinha 16, 17 anos, queria jogar basquete profissionalmente e meu sonho era ir para uma Olimpíada, mas acabei assistindo aos jogos somente pela televisão (risos). Passei metade da vida praticando esportes. Nadava, fazia judô, experimentei várias modalidades. Sonhava também em fazer Educação Física, mas acabei optando pela Engenharia [Maciel é engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)]. Atualmente, faço exercícios quatro vezes por semana. Ando na esteira, faço um pouco de ginástica com pesos, mas fiquei muito tempo parado, sem fazer nada.
Fleury: Essa rotina puxada trouxe a você algum problema de saúde?
AMN: Sim, teve um preço. Engordei muito nesses anos de vida executiva. Quando fiz 50 anos [hoje está com 52], fiz três festas para comemorar a data. Em uma delas, meus amigos levaram fotos antigas, dos tempos de faculdade. E minha filha, que hoje tem 15 anos, depois de ver as fotos antigas , falou pra minha mulher: ‘Mamãe, agora eu entendi porque você quis casar com o papai. Ele era sarado!’ (risos). Quando jovem, eu era um sujeito magro, quase um atleta. Em 17 anos, ganhei 20 quilos, e tenho colesterol alto. Depois que comecei a me cuidar, já perdi seis. Além disso, tive um travamento na coluna, que me fez ficar uma semana sem andar. Aí, a minha ficha caiu. Voltei a fazer atividade física e venho me disciplinando para manter essa rotina. Tenho me exercitado inclusive durante as viagens e tento controlar a alimentação. Além disso, não bebo e não fumo.
Fleury: Então, se você pudesse voltar no tempo, teria tido hábitos diferentes?
AMN: Com certeza. Isso me lembra uma aula inaugural que dei na UFRJ há pouco tempo. Falei nessa aula tudo o que eu gostaria de ter ouvido quando entrei na faculdade. Foram três recomendações. A primeira delas foi que “Deus ajuda a quem trabalha”. Não adianta querer aprender inglês dormindo, ganhar dinheiro sem trabalhar ou emagrecer comendo. A segunda foi a de que não se pode parar de estudar. Eu, até hoje, tiro uma semana por ano só para melhorar ou aprimorar algo que eu acredito ser necessário aprender. E, em terceiro, disse a eles que me arrependi de não ter cuidado melhor da minha saúde e o quanto isso é importante ser feito já na idade deles.
Fleury: Você vai ao médico, faz check-up?
AMN: Sim. Faço check-ups no Fleury há mais de 15 anos e procuro sempre saber como está a saúde, ouvir as recomendações do médico. Foi até por conta dos resultados de exames no ano passado que mudei meus hábitos.
Fleury: Qual o maior prazer que você tem hoje?
AMN: Comecei a me dar férias um pouco mais longas. Além disso, de quatro em quatro anos, eu assisto aos últimos dez dias das Olimpíadas, onde quer que aconteçam. Assisto tudo, hipismo, vôlei, futebol, atletismo. Em uma das Olimpíadas, minha esposa disse: “Você fica tão nervoso aqui... afinal, você vem aqui pra descansar ou sofrer? Vai ter um infarto!” (risos). Uma das maiores emoções da minha vida foi assistir à cerimônia de premiação do vôlei masculino em Atenas, quando o time brasileiro, dirigido pelo Bernardinho, recebeu a medalha de ouro, após uma sensacional vitória de 3x1 sobre a Itália. Na minha opinião, ele é o maior líder de nossa geração, de pessoas entre 45 a 55 anos.
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