Vertigem X equilíbrio | Revista Fleury Ed. 17

Os primeiros passos de um filho são um marco fundamental na história da família. Estímulo é fundamental, mas há que se respeitar o ritmo de cada um

Quando somos tomados por fortes sentimentos ou quando existe qualquer alteração dos sistemas envolvidos na manutenção de nosso equilíbrio corporal, pode ocorrer a sensação de que o mundo gira ao nosso redor, que os objetos ganham movimento e que o chão, antes tão estável, começa a tremer. É como se o equilíbrio fosse embora: a cabeça fica confusa e uma sensação de fraqueza se apodera do corpo. Em alguns casos, a zonzeira desaparece tão rápido quanto costuma surgir. O quadro tem um nome complexo e um tratamento, grande maioria das vezes, simples. Trata-se da vertigem posicional paroxística benigna (VPPB) e caracteriza-se por crise vertiginosa súbita e intensa, desencadeada por um movimento da cabeça e que geralmente dura de segundos a minutos. Essa alteração, que faz “perder o chão”, é a mais frequente causa de vertigem na população, sendo responsável por até 30% dos casos.

Ela foi descrita pela primeira vez em 1921 por um médico austríaco, responsável pela descoberta dos mecanismos estruturais e de funcionamento do sistema vestibular (labirinto). Foi ele quem entendeu melhor o funcionamento dos canais da orelha interna, que ajudam a manter a postura e o equilíbrio, e o que acontece com eles quando são perturbados pela entrada de pequenos cálculos de carbonato de cálcio – causa da VPPB. “Ela pode aparecer em qualquer idade, mas a chance aumenta a partir dos 50 anos”, diz Adriana Chaves, otorrinolaringologista do Fleury.

Não se sabe exatamente o motivo disso, mas a ocorrência é maior em mulheres. Há, em média, 1,6 caso no sexo feminino para 1 no sexo masculino. Uma das hipóteses para isso, mas ainda não completamente comprovada pela Ciência, está nas alterações hormonais pelas quais passam as mulheres todos os meses. “Normalmente as crises acontecem na hora de se deitar, de se levantar, de virar na cama ou quando a cabeça é inclinada para trás, ao olhar para cima”, explica o otorrinolaringologista Arthur Castilho, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). No entanto, ele esclarece que, por mais desconfortável que esse tipo de vertigem seja, ela tem uma característica benigna e é facilmente diagnosticada pelo especialista. O tratamento compreende manobras de reposicionamento, e os medicamentos são usados somente em casos específicos.

Ao se deparar com um quadro de vertigem e, antes mesmo de começar o tratamento, o médico deve iniciar a investigação, ou seja, deve avaliar todas as causas. E ela pode ocorrer por vários fatores, que vão desde transtornos hormonais, alterações do metabolismo do açúcar – como o diabetes e a intolerância à glicose – ou alterações do metabolismo do colesterol e triglicérides, até traumas, imobilidade e doenças próprias da orelha. Existem várias manobras de reposicionamento indicadas para tratar a VPPB, que são movimentos que o especialista ensina a pessoa a fazer.

Como em outras condições relacionadas às alterações do equilíbrio corporal, é importante compreender como a crise é desencadeada, seus fatores agravantes e procurar ter uma atitude positiva quando ela ocorre. É importante não entrar em pânico, esperar até que os sintomas diminuam e, posteriormente, procurar a orientação de um otorrinolaringologista – de preferência, um otoneurologista. Seguir estas dicas pode fazer a diferença naqueles momentos em que a vertigem, assim como o mais arrebatador dos sentimentos, aparece intensa e repentinamente.