Viver é bem bom | Revista Fleury Ed. 32

Fazer algo que realmente amamos traz diferentes emoções e estados de espírito.

A Revista Fleury conversou com sete artistas e personalidades para saber o que, para eles, significa bem-bom – o tema desta edição. “Tem hora que você tem de olhar para o céu e incorporar o mundo”, simplifica Lina Chamie, cineasta, e uma das entrevistadas

“Descobrir o que é o ‘bem-bom’ é uma busca eterna. Para mim, é ter liberdade de fazer o que se gosta, trabalhar com isso.  A fotografia foi uma consequência das coisas que eu buscava, o encontro com a natureza e comigo mesmo. É lá que eu busco minha tranquilidade. Passar uma semana, dez dias na rotina, no cotidiano, me deixa louco. E a fotografia faz com que eu possa ir para onde estou em paz. Viajar para fotografar me permite uma entrega até maior do que uma viagem de lazer.”
André Dib, fotógrafo e explorador

“Bem bom pra mim é poder trabalhar e ganhar a vida com o que gosto de fazer e acredito. É chegar em casa, ficar com a família e os cachorros. É conseguir fazer minha atividade física diária, jogar meu tênis. Ir ao cinema. Ver o jogo do Corinthians, principalmente os que têm vitória no final. É ter amigos e poder compartilhar momentos especiais com eles. Estar sempre ao redor ou rodeado pela minha família.”
Marcio Atalla, professor de Educação Física

“São várias coisas bem boas e maravilhosas. Ir ao cinema é uma delas. Entre ver o pôr do sol e ir ao cinema, prefiro ir ao cinema. Adoro. Treinar esgrima é outra coisa bem boa na vida da gente, eu treino há muitos anos. É algo que nos transforma. Fazer cinema, filmar é um momento mágico também. Olhar para o azul do céu também é algo bem bom para mim. Tem hora que você tem de olhar para o céu e incorporar o mundo.”
Lina Chamie, cineasta dos filmes Tônica dominante, A Via Láctea e Os amigos

“O que é bem bom para mim é jogar tênis, meu esporte. É onde eu sou feliz, faz com que eu não pense em nada, quando eu jogo bem me deixa muito seguro, confiante. Tem efeitos emocionais, mentais e espirituais, porque você está batendo numa bola em movimento, num tipo preciso de rotação e de velocidade, que você tem que interceptar de forma precisa, e que ela vá no lugar exato. Isso dá uma sensação muito gratificante e produz hormônios de alta qualidade. É você com você, vencendo você. É bem bom jogar com alguém no seu nível, para exigir mais de você, para fazer você dar o seu melhor, e te dar mais realização, pensamentos bons, felicidade, alegria, bem-estar. É estar no paraíso por alguns momentos. O tênis é interessante porque, depois de uma jogada ruim, tem outra. Não dá tempo de pensar no que já foi, você se desafia com a próxima.”
Nuno Cobra, preparador de pessoas

“Bem bom é uma mesa redonda cheia de amigos próximos, em que você pode falar qualquer coisa e dar risada junto. Isso para mim é um luxo. Amizade é uma coisa preciosa, amizade mesmo, daquela que a gente conta nos dedos. É difícil conseguir usufruir isso hoje em dia, a gente fica preso na rotina, nas obrigações. Colocamos esse tipo de encontro no penúltimo ponto da lista de prioridades e precisamos fazer um esforço, deixar de fazer algo urgente, para poder encontrar os amigos. Classificamos muita coisa como urgente; urgente é viver bem.”
Blubell, cantora e compositora

“Bem bom é conseguir estar com as pessoas que eu gosto, no final de semana, ter um lazer saudável, cozinhando, conversando. É estar em relações e ações que tragam bem-estar. É o fim de semana quando há uma quebra do cotidiano, sem que fique aquele lazer pernicioso, sem estímulo, sem troca. É uma das coisas que me encanta, que me faz bem para me manter saudável. Fazer grandes caminhadas, conhecer uma cidade que eu não conheço. A disciplina do dia a dia e do trabalho te faz ter rotina, horário, organização. Mas no lazer do final de semana, é a liberdade que faz bem para a alma. Principalmente, no caminhar.”
Ivaldo Bertazzo, educador corporal e professor de movimento

“Bem bom para mim é um projeto difícil de realizar. Um desafio. Eu escrevo ficção, me ocupo dos meus projetos de filosofia. Invento algo bem difícil de fazer. Constantemente é o caso de um livro. Amigos e família são sorte. Daí que o meu bem-bom dependa do que eu seja capaz de fazer. Sempre foi assim. Eu nunca gostei de vida fácil.”
Marcia Tiburi, filósofa e escritora.