Estudo encontra alterações em marcadores bioquímicos de pacientes pediátricos com esteatose hepática

A frequente alteração de ALT nas crianças com esteatose hepática

A equipe de Gastroenterologia do Fleury realizou um extenso estudo retrospectivo para avaliar a correlação dos marcadores bioquímicos de síndrome metabólica – HDL-colesterol, glicemia de jejum e triglicérides – e das enzimas alanina aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST) com a presença de esteatose hepática à ultrassonografia de abdome em crianças.

O trabalho analisou todos os ultrassons de abdome feitos no Fleury na população de 1 a 18 anos durante o período de 1/1/2010 a 30/9/2021. Dos 76.917 exames avaliados, 1.428 (1,86%) tiveram descrição de esteatose ou infiltração gordurosa do fígado.

Para o grupo com ultrassonografia alterada, foram levantados os exames séricos realizados até 60 dias antes ou até 60 dias depois da imagem, tendo sido excluídos
os testes solicitados em serviços de emergência. Os resultados, separados por faixa etária, encontram-se na tabela abaixo.

Observou-se que, dos 1.428 pacientes com estudos ultrassonográficos alterados, 968 tinham dosado ALT no período determinado e, destes, 358 (36,9%) apresentavam elevação da enzima.

A frequente alteração de ALT nas crianças com esteatose hepática, sem variação significativa entre as faixas etárias, constituiu um achado relevante.

Considerando que a morbimortalidade de adultos com doença hepática gordurosa (DHG) está fortemente associada a doença cardiovascular, neoplasias em geral, cirrose e hepatocarcinoma, a presença de DHG com resultado elevado de ALT em crianças causa grande preocupação em termos de evolução precoce para tais desfechos. Ademais, na população pediátrica com esteatose hepática, alterações bioquímicas associadas
à síndrome metabólica também se mostraram comuns.



Autores: Márcia Wehba Esteves Cavichio,
Patrícia M. Costa de Oliveira, Soraia Tahan.