Infertilidade primária, com falhas de implantação embrionária

Que hipótese cogitar diante das imagens histeroscópicas?

Que hipótese cogitar diante das imagens histeroscópicas?


Mulher, 41 anos, em programação para transferência embrionária,
foi encaminhada por seu ginecologista para histeroscopia
após duas falhas de implantação do embrião.


Diante das imagens histeroscópicas,
qual a hipótese diagnóstica e que exames
complementares devem ser realizados?

- Endometrite crônica e
imuno-histoquímica para marcadores
CD56 e CD138

- Adenomiose e ressonância magnética
da pelve

- Hiperplasia sem atipia e estudo
anatomopatológico

- Endométrio secretor normal

                                        A                                       B

Imagens de histeroscopia (A e B) realizada com sistema de Bettocchi, soro fisiológico e óptica de 2,9 mm mostram endométrio de padrão secretor com áreas de hiperemia.

Resposta do caso de infertilidade primária, com falhas de implantação embrionária

Os achados histeroscópicos evidenciaram endométrio de padrão secretor, com áreas de hiperemia difusa nas paredes corporais anterior e posterior, o que sugere endometrite
crônica (EC). As imagens de hiperemia difusa ou focal, assim como os micropólipos e o edema endometrial, estão associadas, em quase 100% dos casos, ao diagnóstico
imuno-histoquímico de EC.

Definida como uma inflamação localizada pela infiltração de bactérias no estroma do endométrio, a EC é uma condição que impacta negativamente a implantação endometrial
e está presente em até 40% das pacientes com infertilidade. Além da presença de bactérias que interferem nesse microambiente, citocinas induzem o recrutamento
de leucócitos, que, por sua vez, influenciam de maneira negativa a implantação do embrião.

A manifestação clínica da EC varia desde casos assintomáticos a sintomas inespecíficos, como dor pélvica, leucorreia e sangramento uterino anormal. A biópsia endometrial
dirigida por histeroscopia e o estudo imuno-histoquímico para a pesquisa do marcador CD138, relacionado a plasmócitos, são atualmente o padrão-ouro para a confirmação diagnóstica de EC (imagens C e D).

Embora não haja um consenso em relação ao número de plasmócitos por campo para firmar o diagnóstico de EC, a presença deles no estroma endometrial é tida como anormal.

Devido ao caráter benigno e às manifestações clínicas leves da EC, pouca atenção é dada a essa condição na prática clínica ginecológica. Contudo, a possível associação da EC com desfechos ruins em Reprodução Assistida vem sendo motivo de estudos recentes.

A histeroscopia com biópsia endometrial dirigida tem papel fundamental para direcionar o diagnóstico da EC. Sabe-se que, após o tratamento da inflamação com antibioticoterapia adequada, há um aumento nas taxas gestacionais e melhora no curso de gravidez, implicando um maior índice de nascidos vivos.

                                        C                                         D

Biópsia dirigida por histeroscopia realizada com sistema de Bettocchi, pinça, soro fisiológico e óptica de 2,9 mm (imagem C). Marcador CD138 (plasmócito) em estudo imuno-histoquímico (imagem D).


Consultoria Médica


Dra. Márcia Penteado Rocha Correa
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Dra. Maria Cristina Meniconi
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Dra. Mayara Facundo
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Dra. Patricia De Luca
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Dra. Patricia Napoli
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