Administração não autorizada de medicamentos sedativos: como investigar? | Revista Médica Ed. 2 - 2006

A pesquisa de bezodiazepínicos na urina pode detectar práticas criminosas conhecidas como ""Boa noite, vovozinha"" e ""Boa noite, cinderela""

A pesquisa de bezodiazepínicos na urina pode detectar práticas criminosas conhecidas como "Boa noite, vovozinha" e "Boa noite, cinderela"

A administração não autorizada de medicamentos sedativos a crianças e a adultos mentalmente incapacitados é uma crescente preocupação para médicos e familiares. O objetivo pretendido, com esse tipo de abuso, é fazer com que as vítimas durmam de forma mais profunda e dêem menos “trabalho” a seus cuidadores. Para tanto, qualquer tipo de hipnótico pode ser adotado, mas os mais utilizados são os benzodiazepínicos mais facilmente disponíveis, como o diazepam e o bromazepam. Existe também uma variante dessa prática, conhecida popularmente como “Boa noite, Cinderela”, que tem o intuito de facilitar furto ou estupro, ou seja, sem resistência da vítima, o que se consegue com a adição de substâncias hipnóticas a bebidas e alimentos.

Praticamente sem gosto, esses fármacos ainda possuem o poder de levar a pessoa a perder a memória de fatos recentes. O medicamento mais freqüentemente empregado com esse fim é o flunitrazepam, comercializado no Brasil e na Europa, porém banido dos EUA, onde recebeu a alcunha de rape drug, ou droga do estupro.

No entanto, outros remédios dessa mesma classe, tais como o midazolam, produzem efeitos similares. É possível realizar o diagnóstico de exposição a essas medicações mesmo após seus efeitos terem cessado, uma vez que elas podem ser detectadas na urina até 72 horas depois da ingestão. A pesquisa de benzodiazepínicos na urina é usada como triagem, mas, caso seja necessária a definição precisa do fármaco ingerido, o estudo deve prosseguir com um teste confirmatório, feito por espectrometria de massas.