Câncer colorretal é a segunda neoplasia mais letal | Revista Médica Ed. 1 - 2005

Pesquisa de sangue oculto, sigmoidoscopia e colonoscopia estão entre os recursos utilizados para o diagnóstico da doença.

Pesquisa de sangue oculto, sigmoidoscopia e colonoscopia estão entre os recursos utilizados para o diagnóstico da doença.

Nos países ocidentais, o câncer colorretal (CCR) aparece como a segunda causa de morte por neoplasia e o risco de adquiri-lo ao longo da vida é de aproximadamente 5% a 6%, com quase 50% de mortalidade. Em 5% dos casos, o tumor é geneticamente determinado e transmitido como uma condição de caráter dominante. O rastreamento populacional de CCR reduz a incidência dessa doença e diminui a mortalidade a ela relacionada. Em 2003, a American Gastroenterology Association publicou um consenso com recomendações a respeito da triagem do CCR:

Para indivíduos com risco de CCR moderado, isto é, idade superior a 50 anos, sem pólipos intestinais e sem história familiar desse câncer, é recomendada pelo menos alguma das seguintes estratégias de rastreamento:

1. Três pesquisas de sangue oculto nas fezes anualmente. Caso alguma das amostras seja positiva, realizar colonoscopia.
2. Sigmoidoscopia a cada cinco anos. Se forem encontrados pólipos, o paciente deve fazer colonoscopia para investigar lesões poliposas proximais.
3. Combinação das estratégias 1 e 2.
4. Colonoscopia a cada dez anos. Na dependência dos achados do primeiro exame, esse intervalo poderá ser reduzido.

Já os pacientes com risco elevado, ou seja, indivíduos com história familiar positiva (um parente de primeiro grau ou dois de segundo com CCR) ou com polipose familiar e portadores de doença inflamatória intestinal ou de pólipo adenomatoso, devem ser avaliados pela colonoscopia com início e intervalos dependentes dos antecedentes e achados do primeiro exame.

A experiência do Check-up Fleury

Entre 253 indivíduos assintomáticos avaliados pelo Check-up Fleury e submetidos a colonoscopia, todos com idade acima de 50 anos e/ou história familiar de câncer colorretal, o serviço encontrou uma incidência de 5,2% de neoplasias ou de adenomas com displasia de alto grau. Além disso, 20% dos avaliados apresentaram pólipos adenomatosos com displasia de baixo grau.
A contribuição da colonoscopia virtual
A colonoscopia virtual estuda o cólon por meio de imagens geradas por tomografia computadorizada helicoidal, tendo o objetivo primário de pesquisar pólipos. É um procedimento pouco invasivo e rápido, que não requer sedação. Sua sensibilidade está diretamente relacionada com o tamanho das lesões. Pólipos com dimensões iguais ou superiores a 1,0 cm são detectados em cerca de 90% dos casos. Já para lesões menores, especialmente abaixo de 0,6 cm, o método mostra-se menos sensível. Da mesma forma, não possibilita a detecção de alterações inflamatórias, úlceras e lesões planas. Na prática, a eficácia da colonoscopia virtual varia de acordo com o equipamento utilizado, com o grau de experiência dos examinadores e com o preparo intestinal, que deve ser bastante rigoroso, semelhante ao realizado para a colonoscopia convencional. Por ser um exame novo, ainda em desenvolvimento, não há consenso sobre seu real papel em algoritmos de rastreamento primário do câncer colorretal. Algumas das indicações clínicas mais aceitas na atualidade incluem:

• Avaliação de segmentos cólicos inacessíveis pela colonoscopia convencional, incluindo o estudo do cólon proximal à obstrução por neoplasia;
• Contra-indicação de sedação ou do exame tradicional.