Imunologia: hepatite autoimune ganha mais um marcador diagnóstico e prognóstico | Revista Médica Ed. 4 - 2016

Doença hepática crônica rara, que acomete predominantemente mulheres, a hepatite autoimune (HAI) caracteriza-se por elevação dos níveis séricos de transaminases.

 Fragmento do fígado de um paciente com hepatiteautoimune evidencia inflamação e fibrose.

 

Doença hepática crônica rara, que acomete predominantemente mulheres, a hepatite autoimune (HAI) caracteriza-se por elevação dos níveis séricos de transaminases, hipergamaglobulinemia, hepatite de interface à análise histológica e presença de autoanticorpos, os quais são essenciais tanto para estabelecer o diagnóstico e classificar a doença em subtipos quanto para definir o prognóstico.

 

No Fleury, é possível fazer a pesquisa dos principais marcadores imunológicos associados à condição, incluindo o anticorpo contra o antígeno solúvel do fígado ou fígado/pâncreas (anti-SLA/LP), recém-introduzido na rotina do laboratório. Com especificidade em torno de 99% para a HAI, o anti-SLA/LP ocorre em cerca de 30% dos pacientes com a hepatopatia, frequentemente em associação com os anticorpos antimúsculo liso, embora, em alguns casos, possa ser o único biomarcador da doença. Quando presente, ainda indica  evolução mais agressiva e maior chance de recidiva após a suspensão do tratamento.

 

O diagnóstico precoce da HAI é fundamental porque essa afecção causa danos de graus variáveis ao fígado, com destaque para a cirrose hepática, sobretudo quando a doença não recebe tratamento adequado. Vale lembrar que, apesar de o quadro clínico e os testes laboratoriais fazerem parte dos critérios para o diagnóstico da HAI, a exclusão de outras causas de hepatite e a análise histológica são imprescindíveis para confirmar tal hipótese.



Autoanticorpos encontrados na hepatite autoimune
Fator antinúcleo (FAN)
Está presente em 67% dos pacientes com HAI, de forma isolada (13%) ou combinada ao AML (54%). Reage contra diferentes antígenos nucleares, sem padrão específico. Aparece em altos títulos, mas sem correlação com a fase ou com o grau da atividade inflamatória do fígado, tampouco com o prognóstico da doença
Anticorpo antimúsculo liso (AML)
Até 87% dos pacientes com HAI possuem esse marcador, geralmente em associação com o FAN. Caracteriza a HAI tipo 1 e pode desaparecer com o tratamento
Anticorpo contra a fração microssomal de fígado e rim (anti-LKM1)
Voltado contra o citocromo P450IID6, é tipicamente detectado na ausência do FAN e do AML, definindo a HAI tipo 2, de evolução mais agressiva. Dez por cento dos portadores de hepatite C crônica têm esse autoanticorpo, embora em níveis menos expressivos
Anticorpo contra o antígeno solúvel do fígado ou fígado/pâncreas (anti-SLA/LP)
Dirigido contra um antígeno solúvel de fígado e pâncreas, apresenta grande especificidade para a HAI (tipo 1 e tipo 2), sendo observado em cerca de 30% dos portadores da doença. Está relacionado a pior prognóstico e a maior chance de recidiva pós-tratamento
Anticorpo anti-LC1
Volta-se contra o citosol hepático e ocorre mais frequentemente em jovens, notadamente em pacientes LKM-positivos. Cerca de 30% dos casos de HAI tipo 2 caracterizam-se pela presença desse marcador


Assessoria Médica
Dr. Alexandre Wagner Silva de Souza
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Dr. Luis Eduardo Coelho de Andrade
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