Infecção crônica pelo vírus C desencadeia quadros auto-imunes sistêmicos | Revista Médica Ed. 7 - 2006

A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) está associada, com freqüência, a manifestações extra-hepáticas de natureza imunológica, principalmente em mulheres e em pacientes infectados pelo HCV há longo tempo.

Em alguns casos, as manifestações extra-hepáticas podem guiar o tratamento da hepatite C

A infecção crônica pelo vírus da hepatite C (HCV) está associada, com freqüência, a manifestações extra-hepáticas de natureza imunológica, principalmente em mulheres e em pacientes infectados pelo HCV há longo tempo. A mais comum é a crioglobulinemia, que aparece em cerca de 30% a 40% dos indivíduos e pode apresentar quadros de dermatites, vasculites, artralgias, glomerulonefrites e neuropatias, embora seja assintomática na maior parte das vezes. Esses casos se relacionam com crioglobulinas que se precipitam em baixas temperaturas. No crioprecipitado, há elementos como o fator reumatóide, proteínas do sistema do complemento e complexos virais. A presença de anticorpos antinucleares inespecíficos também é um achado comum na infecção crônica pelo vírus C, atingindo de 10% a 20% dos portadores. Já entre as manifestações mais raras estão a porfiria cutânea tarda, o líquen plano, os linfomas não-Hodgkin e a sialadenite linfocítica. Alguns desses quadros melhoram à medida que a hepatite é tratada, embora recidivas sejam freqüentes. Por outro lado, não é raro a indicação de um tratamento para hepatite C se basear somente nessas manifestações extra-hepáticas, já que, em muitos de tais casos, o fígado pode estar pouco ou minimamente comprometido.

Freqüência de auto-anticorpos na hepatite C
 
HCV (%)
Controles (%)
Fator reumatóide
70
8
Crioglobulinas
36
<1
Fator antinúcleo (FAN)
• >1:40
• >1:160
21
13
10
2
Anticorpos antimúsculo liso (AML)
• >1:40
• >1:160
21
7
2
<1
Anticorpos antitiroidianos
7
2
Fonte: adaptado de Pawlosky, 1994