Infecção por HIV e uso de anti-retrovirais associam-se a maior risco cardiovascular | Revista Médica Ed. 5 - 2007

A avaliação peródica do perfil lipídico deve fazer parte do acompanhamento desses pacientes

Nos últimos dez anos, o tratamento dos portadores do HIV passou por profundas transformações, particularmente após a introdução da terapia anti-retroviral de alta potência, na qual se combinam diferentes medicamentos que possuem alvos diferenciados. Com isso, houve uma redução significativa das complicações decorrentes da infecção pelo HIV e um substancial aumento na expectativa de vida dos infectados. Contudo, a nova era da epidemia trouxe consigo outros desafios, entre os quais se destacam as complicações cardiovasculares decorrentes de distúrbios metabólicos. O fato é que os medicamentos usados contra a aids, especialmente os inibidores da protease, causam profundas alterações no metabolismo.

Como resultado, cerca de 50% de seus usuários apresentam dislipidemia, tendo elevação tanto do colesterol e de suas frações quanto dos triglicérides.

A prescrição de hipolipemiantes, no entanto, requer cautela, uma vez que alguns anti-retrovirais afetam a função do citocromo 3A4 (CYP 3A4), que é a rota primária de metabolismo da maioria das estatinas. Em vista dessa interferência, a preferência clínica, nesse grupo de pacientes, recai sobre o uso da pravastatina e da atorvastatina, contra-indicando a sinvastatina e a lovastatina. Embora ainda não existam recomendações específicas para o acompanhamento dos lípides em portadores de HIV em terapia anti-retroviral, recomenda-se seu monitoramento próximo, com especial atenção para indivíduos com riscos adicionais para doença aterosclerótica. Convém ressaltar, porém, que a prioridade no tratamento dos infectados pelo HIV ainda é a estabilização imunológica, o controle das doenças oportunistas e a manutenção das profilaxias adequadas.

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