INTERHEART: dislipidemia é o fator de risco mais importante para o infarto do miocárdio | Revista Médica Ed. 8 - 2004

Estudo mundial mostra que nove fatores modificáveis respondem por cerca de 90% do risco

Estudo mundial mostra que nove fatores modificáveis respondem por cerca de 90% do risco

O aumento da relação entre as partículas aterogênicas e não aterogênicas do colesterol foi o fator que mais se associou com a ocorrência de infarto agudo do miocárdio, de acordo com o primeiro estudo de abrangência mundial sobre fatores de risco passíveis de ser modificados em doenças cardiovasculares (INTERHEART), publicado em setembro passado.(Lancet 2004, 364(9438): 937-952.).

Essa investigação avaliou diversos parâmetros clínicos de fácil obtenção e determinou os teores das apoproteínas B e A1, que se associam respectivamente à fração LDL e HDL do colesterol. Conduzido em 52 países, entre eles o Brasil, o INTERHEART comparou dados referentes a cerca de 15 mil indivíduos recém-admitidos em hospital após um primeiro infarto do miocárdio com os de um número similar de controles.

O estudo mostrou que os fatores de risco e de proteção são os mesmos nas diferentes nações, embora sua freqüência possa variar. Estima-se que nove deles respondam por cerca de 90% do risco de desenvolver doenças cardiovasculares, razão por que sua modificação agressiva poderia reduzir significativamente a ocorrência de infarto agudo do miocárdio.

A iniciativa ainda evidenciou que a obesidade abdominal, medida pela relação cintura/quadril, foi um melhor indicador de risco.

Fatores de risco para o infarto do miocárdio
• Relação ApoB/ApoA1 desfavorável
• Tabagismo
• Fatores psicossociais
• Diabetes
• Hipertensão arterial
• Obesidade abdominal
Fatores de proteção contra o infarto do miocárdio
• Atividade física regular
• Consumo diário de frutas
• e verduras
• Ingestão regular de
• bebidas alcoólicas
O que são apoproteínas?
As apoproteínas (Apo) são o principal componente protéico de partículas ligadas a lípides. A ApoB se associa ao aterogênico LDL colesterol, enquanto a ApoA1 está relacionada com o antiaterogênico HDL colesterol. A principal vantagem de dosar essas substâncias em lugar do LDL e do HDL é que sua determinação oferece maior precisão. Além disso, o paciente não necessita de jejum.
A razão ApoB/ApoA1 traduz com exatidão a relação entre partículas circulantes aterogênicas, que contêm ApoB, e antiaterogênicas, que contêm ApoA1. Uma razão desfavorável contribui para a instalação e a progressão da doença aterosclerótica. O estudo INTERHEART é mais uma evidência de que a relação ApoB/ApoA1 poderá, no futuro, substituir com vantagens a dosagem clássica de LDL e HDL colesterol.