Métodos complementares auxiliam o diagnóstico da esclerose múltipla | Revista Médica Ed. 3 - 2009

Embora tenha sintomas bem definidos, a doença não prescinde de ferramentas paraclínicas para ser confirmada.

Embora tenha sintomas bem definidos, a doença não prescinde de ferramentas paraclínicas para ser confirmada.

As doenças desmielinizantes são afecções inflamatórias que acometem a bainha de mielina do sistema nervoso central e determinam a ocorrência de sintomas neurológicos variados. A esclerose múltipla (EM) é a mais comum dessas enfermidades e apresenta um conjunto bem definido de características clínicas, o qual inclui distúrbios visuais, motores, sensitivos, autonômicos, cognitivos e da marcha.

A confirmação do quadro, no entanto, depende basicamente de duas ferramentas paraclínicas, segundo os critérios do Painel Internacional para o Diagnóstico da Esclerose Múltipla: a ressonância magnética (RM) e a pesquisa de bandas oligoclonais no liquor.Feita com contraste, a RM demonstra lesões desmielinizantes fundamentais para a identificação segura da doença e ainda torna possível o acompanhamento clínico e terapêutico do paciente.

Por sua vez, a pesquisa de bandas oligoclonais no liquor por meio de isoeletrofocalização de proteínas, comparada com a análise simultânea do soro, é a técnica mais sensível para demonstrar a síntese intratecal ou mesmo o aumento de imunoglobulinas. É sempre bom lembrar que o diagnóstico precoce da esclerose múltipla permite a instituição de terapêutica apropriada para alterar a história natural dessa afecção neurológica crônica.

Doença de Devic: parece esclerose múltipla, mas não é

Outra afecção desmielinizante de origem autoimune, a neuromielite óptica (NMO), também conhecida como doença de Devic, era tida como uma variante da esclerose múltipla (EM) até pouco tempo atrás, mas evidências recentes provaram que as duas entidades possuem características bastante distintas.

Embora também comprometa preferencialmente o nervo óptico e a medula espinal, a NMO tem uma sintomatologia mais ampla, podendo manifestar apenas a neurite óptica aguda, mono ou biocular, ou um quadro de mielite extensa isolada. Do ponto de vista laboratorial, 80% dos portadores da NMO possuem autoanticorpos contra a aquaporina 4, os quais estão presentes em menos de 10% dos portadores de EM. A diferença também é marcante na pesquisa de bandas oligoclonais, que aparecem em mais de 85% dos casos de esclerose múltipla e não ultrapassam 15-30% dos pacientes com neuromielite óptica.

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Assessoria Médica
Dr. Antonio Rocha: [email protected]
Dr. Aurélio Pimenta Dutra: [email protected]