País registra 135 mil casos de dengue | Revista Médica Ed. 3 - 2007

A combinação do crescimento desordenado das cidades com a falta de uma política agressiva de erradicação dos criadouros do Aëdes aegypti, associada ao verão prolongado de 2007, fez com que a dengue mais uma vez assumisse proporções epidêmicas no Brasil. De janeiro a março deste ano, houve um aumento de quase 30% no número de casos em relação ao mesmo período do ano passado. Até agora, foram registradas 135 mil ocorrências da dengue clássica, com 106 notificações oficiais de sua forma hemorrágica, que já causou 15 óbitos.

Infelizmente ainda não existe nenhum método diagnóstico que possa predizer, com segurança, a chance de a doença evoluir para o quadro hemorrágico. Sabe-se apenas que essa forma grave afeta 3% dos indivíduos com história anterior da doença por um ou mais dos quatro sorotipos do vírus e 0,2% dos que a contraem pela primeira vez.

Assim, parece vital que o paciente tenha um diagnóstico rápido para que possa ser monitorado quanto ao risco de evolução da infecção, de modo que, em tais situações, as medidas de suporte terapêutico sejam adotadas sem perda de tempo. Como a dengue desencadeia um quadro clínico inicial semelhante ao de outras várias doenças infecciosas autolimitadas, a comprovação laboratorial pode ter bastante importância nesse sentido. O teste molecular de dengue por PCR em tempo real consegue confirmar a infecção rapidamente, já que amplifica o RNA viral de maneira seletiva no período sintomático da infecção. A sorologia tem limitações no diagnóstico, uma vez que a produção de anticorpos demora de cinco a seis dias após o início das manifestações clínicas, e também na interpretação dos casos de reinfecção, nos quais a PCR pode ser útil para a confirmação.