Repercussões cardíacas da hipertensão arterial | Revista Médica Ed. 7 - 2008

Estudos sugerem que o risco cardiovascular aumenta já a partir de pressão arterial de 11,5 por 7,5.

Estudos sugerem que o risco cardiovascular aumenta já a partir de pressão arterial de 11,5 por 7,5.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) crônica causa lesões nos órgãos-alvo, particularmente no sistema cardiovascular, nos rins, no cérebro e nos olhos. Estudos observacionais sugerem que, a partir de valores de 115 mmHg, na pressão arterial sistólica (PAS), e de 75 mmHg, na pressão arterial diastólica (PAD), o risco cardiovascular já se eleva. Para ter uma idéia, cada acréscimo de 20 mmHg, na PAS, e de 10 mmHg, na PAD, dobra a mortalidade por doença cardíaca isquêmica e acidente vascular encefálico em qualquer faixa etária. Tanto é assim que, todo ano, 7,1 milhões de mortes são atribuídas à HAS não controlada no mundo. Entre as principais alterações cardiovasculares decorrentes da hipertensão arterial estão a hipertrofia do ventrículo esquerdo, a insuficiência cardíaca, o aumento do átrio esquerdo, as arritmias e as doenças da aorta. A hipertrofia ventricular esquerda não causa sintomas nem complicações nas fases iniciais, porém sua progressão leva à sobrecarga tanto do átrio quanto do ventrículo esquerdo, resultando em insuficiência cardíaca, que geralmente é do tipo diastólico, com função sistólica preservada. A insuficiência cardíaca sistólica tornou-se menos freqüente com a evolução do tratamento da HAS, mas pode ser encontrada até os dias de hoje. O aumento das dimensões do átrio esquerdo, por sua vez, amplia a chance de ocorrer fibrilação atrial crônica e fenômenos tromboembólicos associados. Por fim, o risco de eventos isquêmicos cardíacos silenciosos e de infarto agudo do miocárdio é substancialmente mais elevado em hipertensos, havendo ainda um perigo adicional de complicações em caso de uso de trombolíticos para o tratamento de oclusão arterial aguda, sobretudo quando a PAS ultrapassa os 175 mmHg. Sabe-se também que a hipertensão aumenta a vulnerabilidade a problemas vasculares, tais como dissecção da aorta e aneurisma da aorta abdominal.

Pressão monitorada por 24 horas
A monitoração ambulatorial da pressão arterial, também conhecida como Mapa, é um exame complementar não-invasivo que objetiva a avaliação indireta, intermitente e consecutiva dos níveis de pressão arterial (PA) por um período de 24 horas. O grande número de medidas aferidas, a possibilidade de avaliar a PA durante situações específicas, como o sono e a vigília, e a análise do comportamento dos níveis pressóricos ao longo do dia estão entre as vantagens do método. Além disso, em relação às medidas isoladas de consultório, a monitoração de 24 horas tem melhor valor prognóstico para eventos primários, como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. O exame apresenta boa reprodutibilidade e é de fácil repetição no seguimento clínico dos pacientes, tendo particular indicação na suspeita de hipertensão arterial do avental branco, na avaliação da eficácia e no acompanhamento da terapêutica anti-hipertensiva, na investigação de normotensos com lesões diagnosticadas em órgãos-alvo e na avaliação de novos sintomas em indivíduos sabidamente hipertensos.

Assessoria Médica
Dr. Cristiano Vieira Machado: [email protected]
Dr. Luiz E. Mastrocolla: [email protected]
Dr. Valdir A. Moisés: [email protected]
Dr. Viviane Tiemi Hotta: [email protected]

Veja aqui mais detalhes sobre as repercussões cardíacas da HAS.