Seguimento pós-operatório de tumor neuroendócrino | Revista Médica Ed. 4 - 2016

Após exerese de tumor neuroendócrino, como interpretar imagens de PET/CT com 68Ga-DOTA?

O que pensar das imagens de PET/CT com marcador específico?

 

Paciente do sexo masculino, 42 anos de idade, foi encaminhado para realização de PET/CT com 68Ga-DOTA, próprio para pesquisar e quantificar receptores da somatostatina, como avaliação pós-operatória de um tumor neuroendócrino. O exame feito na ocasião obteve as imagens abaixo.


Diante dessas imagens, qual a possível conclusão diagnóstica?


(   ) Normalidade

(   ) Sinais de manipulação cirúrgica

(   ) Nódulos tratados

(   ) Metástases







Resposta do caso de seguimento pós-operatório de tumor neuroendócrino


As imagens de PET/CT com 68Ga-DOTA do caso descrito evidenciam a área de manipulação cirúrgica para a retirada do tumor primário no íleo terminal e acentuada captação no mesentério do flanco direito, onde há uma massa de 5,5 x 2,8 cm (SUV = 32,8), em íntimo contato com a cabeça do pâncreas, com a terceira porção do duodeno e com os vasos mesentéricos superiores – uma provável metástase linfonodal locorregional. Além disso, o exame identificou múltiplos nódulos hepáticos de até 4,7 x 3,1 cm, um nódulo de 2,1 cm (SUV = 11,5) na adrenal esquerda e formações nodulares de até 1,0 cm na região pélvica direita (SUV = 7,1), próximas ao trajeto do ureter distal, podendo corresponder a linfonodos ou a implantes peritoneais.


As lesões que apresentam captação de 68Ga-DOTA são compatíveis com metástases que expressam receptores de somatostatina. Contudo, algumas massas hepáticas não captaram o radiotraçador, razão pela qual tanto podem ser nódulos tratados quanto nódulos que não expressam receptores de somatostatina, o que caracterizaria um segundo fenótipo metastático mais indiferenciado e mais agressivo.


A identificação dos implantes pélvicos peritoneais, no caso exposto, ilustra a maior capacidade de detecção da imagem funcional do estudo por PET/CT com 68Ga-DOTA, em comparação com os exames anatômicos, que se baseiam principalmente em tamanho para fazer o diagnóstico. Além de identificar a lesão, o novo método caracteriza seu fenótipo em relação aos receptores da somatostatina, o que é importante porque os tumores neuroendócrinos que os expressam são mais bem diferenciados, apresentam melhor prognóstico e respondem melhor à terapia-alvo.


Tais aspectos tornam o exame de PET/CT com 68Ga-DOTA o teste de escolha para a detecção do tumor primário, bem como para o estadiamento e a pesquisa de metástases, além de reforçarem sua grande utilidade na avaliação da resposta ao tratamento, na estratificação prognóstica e na definição do tratamento a ser instituído. Por tudo isso, acredita-se que, com o tempo, deva substituir a cintilografia com octreotídeo (Octreoscan®) por apresentar melhor acurácia diagnóstica a um custo praticamente semelhante.






Assessoria Médica
Dr. Gustavo Meirelles
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Dra. Júlia Capobianco
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Dr. Marco A. C. Oliveira
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Dra. Paola Emanuela P. Smanio
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