O aneurisma cerebral é uma dilatação que se forma na parede enfraquecida de uma artéria do cérebro. Na prática, a pressão normal do sangue, dentro do vaso, força essa região menos resistente e dá origem a uma saliência, semelhante a uma bexiga, que costuma crescer vagarosamente. O maior problema de conviver com esse afrouxamento arterial é o risco de ruptura da artéria acometida, da mesma forma que no aneurisma de aorta abdominal, e no conseqüente vazamento de sangue. Outro risco iminente está na possibilidade de esse vaso dilatado comprimir regiões cerebrais nobres e comprometer as funções que dependem delas. O fato é que um aneurisma no cérebro invariavelmente representa um acontecimento grave, que pode ser letal para um terço de quem o apresenta ou deixar sequelas neurológicas em metade das pessoas que recebem esse diagnóstico. Assim, tão importante quanto o socorro médico numa suspeita de rompimento é a descoberta precoce dessa área saliente, o que permite que o tratamento seja planejado e executado da forma menos arriscada possível. Estima-se que 5% da população tenha algum tipo de dilatação arterial, seja no cérebro, seja em alguma parte da aorta, seja nas pernas. Sozinha, porém, a incidência anual dos casos de aneurisma cerebral roto é de quatro para cada 100 mil pessoas. |
"Os aneurismas pequenos costumam ser assintomáticos, mas, quando crescem, podem comprimir uma estrutura cerebral e provocar sintomas que variam conforme a área afetada, como dor de cabeça, dor na vista, visão dupla e outras alterações. Essas manifestações já servem para dar um sinal de alerta. Já quando ocorre a ruptura, os sinais mais comuns incluem dor de cabeça súbita, extremamente forte, náuseas, vômitos, flutuações na freqüência cardíaca e respiratória, confusão mental e perda da consciência. Há uma combinação de condições que tornam uma pessoa mais suscetível a formar um aneurisma cerebral. Fazem parte desses fatores de risco a hipertensão arterial, os níveis sanguíneos elevados de colesterol e triglicérides, o diabetes descontrolado, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e a história familiar de aneurisma – 15% dos portadores da doença têm parentes diretos com essa dilatação em artérias cerebrais. Em casos raros, a lesão pode ser ainda congênita, ou seja, já ter nascido com o indivíduo."
"A suspeita de aneurisma cerebral roto é levantada pela história do indivíduo e o conjunto de seus sintomas, além da avaliação clínica, que detecta anormalidades neurológicas, como o aumento da pressão dentro do crânio. Ainda assim, a confirmação depende da realização de exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética de encéfalo, que demonstrem a área da hemorragia e/ou a presença de coágulo, ou do encontro de sangue no líquido cefalorraquidiano, o liquor, que envolve o encéfalo. Para a localização exata da dilatação e o planejamento terapêutico, uma angiografia cerebral pode ser necessária. Feito por um cateter, um tubo bem fino que é introduzido por um vaso da perna ou do braço, esse exame visualiza e fotografa o fluxo sanguíneo na região cerebral com o uso de contraste. Já os aneurismas cerebrais não-rotos podem ser de difícil diagnóstico quando apresentam sintomas discretos, como é o caso de uma única manifestação visual. Em tais situações, seu diagnóstico precoce depende bastante da experiência clínica do especialista, uma vez que, sem hemorragia, a condição só é detectada pela angiografia, que nem sempre faz parte do check-up de rotina."
"O tratamento do aneurisma cerebral é feito de forma cirúrgica, mas essa indicação precisa levar em conta o tamanho da dilatação e as condições clínicas do indivíduo. O objetivo da intervenção é excluir o aneurisma e preservar a artéria que o nutre, já que, no cérebro, nenhuma área pode deixar de ser irrigada, sob o risco de matar células e ocasionar seqüelas permanentes. Isso pode ser feito tanto pela cirurgia convencional, que coloca um clipe metálico no aneurisma através de uma incisão feita no crânio, quanto pela técnica endovascular, na qual uma mola, introduzida por uma artéria do braço ou da perna e guiada por um método de imagem até o local da saliência, fecha a dilatação e impede que ela se rompa. A prevenção dos aneurismas cerebrais passa necessariamente pelo controle da pressão arterial, de modo que permaneça em níveis aceitáveis, abaixo de 13 por 8,5 mmHg, e pela manutenção de índices sangüíneos adequados de glicose, colesterol e triglicérides, o que implica ter uma alimentação saudável, à base de vegetais, frutas, fibras e carnes magras, praticar exercícios físicos regularmente e não fumar nem ingerir bebidas alcoólicas em excesso. Quem tem história de aneurisma na família deve visitar o neurologista periodicamente para rastrear o risco de surgimento de eventuais dilatações. Como última recomendação, é fundamental ficar atento a sintomas neurológicos súbitos: dor de cabeça muito forte e contínua, acompanhada de vômitos e alteração do nível de consciência, requer esclarecimento médico imediato."