Como identificar uma fratura possivelmente causada pelo uso crônico de bisfosfonatos | Revista Médica Ed. 1 - 2012

O alendronato foi o primeiro bisfosfonato largamente utilizado no tratamento da osteoporose, tendo mostrado eficácia comprovada na redução do risco de fraturas ósseas, tanto vertebrais quanto não vertebrais.

Os artigos que abordam a associação entre a terapêutica prolongada com o alendronato e o desenvolvimento de fraturas femorais de baixa energia sugerem padrões clínicos e de imagem próprios dessas lesões. Alguns pacientes podem referir sintomas prodrômicos de dor na face lateral da coxa, sem história de trauma ou, então, com relato de impacto mínimo. Do ponto de vista radiológico, o traço da fratura é muito característico, mesmo quando incompleto.

Além da já mencionada localização subtrocantérica, as características incluem bilateralidade frequente, identificação de bico medial nas fraturas completas, angulação em varo, desvio superior do fragmento distal e traço de fratura iniciado na face lateral e em progressão medial – sendo quase sempre transverso, ao contrário das fraturas traumáticas, geralmente oblíquas. De qualquer modo, o espessamento da cortical lateral da região no sítio do início da fratura pode denunciá-la antes mesmo de sua identificação por exames de imagem.

Na prática, o estudo radiográfico parece ser o método de avaliação inicial dos pacientes, em busca de tais padrões. Entretanto, caso haja suspeita clínica e as radiografias sejam normais ou inconclusivas, há indicação de realizar uma ressonância magnética, em vista de sua maior sensibilidade.

A tomografia computadorizada fica reservada apenas para esclarecer dúvidas diagnósticas, embora estas sejam incomuns, ou para fornecer informações quanto à evolução terapêutica, principalmente após cirurgia. A partir do diagnóstico, deve-se procurar com cuidado uma alteração em fase inicial no fêmur contralateral, visto que tais lesões são frequentemente bilaterais.


Estudo radiográfico aponta típica fratura por uso crônico de bisfosfonato em face lateral da região subtrocantérica femoral, associada a espessamento focal da cortical.

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Lembre-se dos diagnósticos diferenciais
Ao pensar numa possível lesão por tratamento de longo prazo com bisfosfonatos, descarte em primeiro lugar:

- Fraturas patológicas, que também ocorrem com trauma ausente ou mínimo, mas com frequência a lesão subjacente é facilmente percebida pelos métodos de imagem, diferentemente da fratura suspeita, que não tem lesão subjacente

- Fraturas por estresse, que acometem o colo e sua face medial (calcar)

- Zonas de Looser da osteomalacia, identificadas na zona de carga de compressão da cortical medial femoral, e não na lateral


Assessoria Médica
Dr. Alípio Gomes Ormond Filho: [email protected]
Dr. Xavier Stump: [email protected]