M. tuberculosis pode ser detectado por método molecular em amostras fixadas, não viáveis para cultivo | Revista Médica Ed. 5 - 2012

A análise usa a PCR em tempo real para identificar uma sequência comum a todos os integrantes desse complexo.

Embora o isolamento em cultura seja o método mais sensível para o diagnóstico das infecções por micobactérias, as técnicas de Biologia Molecular têm sido cada vez mais utilizadas como ferramentas complementares na detecção do complexo Mycobacterium tuberculosis, por sua sensibilidade satisfatória e por sua rapidez.

Além da já conhecida PCR em tempo real em material de vias aéreas para a pesquisa da sequência de inserção IS6110, específica do complexo e comum a todos os seus integrantes, agora é possível fazer essa análise em espécimes pulmonares fixados para estudo histopatológico. O Fleury validou recentemente um teste molecular para detectar tais agentes em fragmentos de tecido fixados em formol ou em biópsias parafinadas, com vantagens como sensibilidade, reprodutibilidade e rapidez de execução, além da possibilidade de identificar o complexo M. tuberculosis em amostras inviáveis para cultura.

Igualmente baseado na identificação da sequência de inserção IS6110, o ensaio ainda amplifica um segmento do gene codificador do TNFα humano, para controle interno da reação, o que permite avaliar a qualidade do DNA extraído da amostra. Antes de pôr o teste em rotina, a equipe de Microbiologia do Fleury analisou um total de 23 biópsias previamente cultivadas em meio específico para micobactérias. Das dez amostras cujas culturas foram positivas para o complexo M. tuberculosis, nove obtiveram resultados concordantes na PCR.

O teste foi inconclusivo em apenas uma delas, na qual, porém, a carga bacteriana estava muito próxima do limite de detecção do método. Já entre os resultados da PCR para as 13 amostras com culturas negativas houve um caso positivo, cuja confirmação do resultado foi feita em tecido fresco, o que significa que a amostra cultivada não continha agentes viáveis para crescimento. Para medir a especificidade do método, por sua vez, diferentes patógenos foram analisados, entre eles micobactérias não tuberculosis. Como esperado, todas as reações resultaram negativas.

 

Aspecto ultraestruturaldo Mycobacterium tuberculosis à microscopia eletrônica
de varredura colorida, com aumento de 15.549x.

 

Aplicações do teste molecular para micobactérias em material de vias aéreas

A PCR em tempo real para a detecção da sequência de inserção IS6110 em secreções de vias aéreas é capaz de identificar cinco agentes – M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microti e M. pinnipedii –, sem, no entanto, distingui-los. Mesmo assim, a informação obtida tem aplicação imediata na prática clínica porque essas micobactérias compartilham perfis de sensibilidade a antimicrobianos e, por conseguinte, a mesma conduta terapêutica. Assim, pode-se dizer que a vantagem do uso desse método, desde que combinado a recursos microbiológicos, é a associação de uma técnica mais sensível que a baciloscopia e que, diferentemente desta, consegue confirmar a etiologia em menos tempo que a cultura.

Em espécimes clínicos provenientes de outros sítios, como líquido pleural e cefalorraquidiano, essa combinação de métodos pode aumentar a sensibilidade diagnóstica. No entanto, nos casos suspeitos com pesquisa direta e PCR negativas, somente a cultura negativa pode afastar a tuberculose.

Em relação à confirmação etiológica, vale lembrar que, além do M. tuberculosis, outras espécies de micobactérias têm importância em pacientes imunossuprimidos ou com DPOC, em especial as que compõem o complexo M. avium-intracellulare, que são especialmente relevantes no diagnóstico diferencial de tuberculose. Diante dessa suspeita, é possível realizar a pesquisa do DNA de tais agentes por PCR em tempo real, oferecida pelo Fleury em sangue, lavado brônquico, líquido pleural, liquor e urina. Contudo, a presença dessas micobactérias em espécimes respiratórios deve ser avaliada à luz dos achados clínicos e radiológicos, assim como dos fatores de risco para infecção invasiva, uma vez que se trata de espécies que podem estar presentes como colonizantes da árvore brônquica. Convém ponderar, entretanto, que o isolamento de micobactéria não tuberculosis, particularmente as de crescimento rápido, prejudica a detecção das espécies do complexo M. tuberculosis, fazendo da PCR específica para esses agentes uma ferramenta indispensável em tal cenário.


 

 

Mycobacterium avium-intracellulare em corte histológico de linfonodo de paciente com aids, corado pelo método de Ziehl-Neelsen.

 

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