Quando recorrer à biópsia percutânea de pâncreas? | Revista Médica Ed. 2 - 2012

O aspecto alterado do fígado cirrótico representa um desafio para detectar e caracterizar as lesões tumorais.

Apesar de a punção aspirativa por agulha fina de lesões pancreáticas ser realizada facilmente, tanto por ecoendoscopia quanto por via percutânea, guiada por ultrassom (US) ou tomografia (TC), alguns casos suspeitos de adenocarcinoma requerem biópsias de fragmento (core), já que, mesmo para um citopatologista experiente, a diferenciação entre câncer e pancreatite crônica pode ser bastante difícil em amostras citológicas.

Ocorre que o material obtido por biópsia tem maior representatividade tecidual, facilitando a distinção entre as duas entidades clínicas, embora, ainda assim, alguns casos possam permanecer indefinidos. Dados da literatura indicam sensibilidade e acurácia da biópsia pancreática percutânea guiada por US ou TC entre 90% e 95%. Uma vez que o valor preditivo negativo da técnica costuma ser mais baixo (60%), diante de forte suspeita clínica de câncer e biópsia negativa para malignidade, deve-se considerar a realização de uma nova punção. Por outro lado, para os pacientes que apresentam resultado negativo para malignidade na biópsia, além de quadro clínico e de imagem condizentes com pancreatite crônica, recomenda-se o seguimento periódico.

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Veja as indicações mais importantes da biópsia pancreática percutânea
• Investigação de nódulo ou massa com aspecto sugestivo de neoplasia primária ao estudo por tomografia, ressonância ou PET/CT, com necessidade de comprovação histológica para orientação de tratamento, principalmente nos pacientes com suspeita clínica/radiológica de doença irressecável em razão de invasão direta de estruturas nobres adjacentes (geralmente vasculares) ou nos pacientes não candidatos à cirurgia, seja por sinais de metástases a distância, seja por falta de condições clínicas

• Avaliação de lesão não identificada em exames de imagem prévios ou que apresente crescimento em estudos sequenciais e que não tenha diagnóstico feito de maneira não invasiva aos métodos de imagem

• Esclarecimento de lesão suspeita de metástase no pâncreas em pacientes que já tiveram uma neoplasia primária extrapancreática, como carcinomas renais, de mama e de pulmão e melanomas

• Estudo de lesões causadoras de obstrução biliar ou pancreática que não possam ser diferenciadas com segurança, por métodos de imagem, entre carcinoma e pancreatite crônica pseudotumoral

• Definição etiológica de doença infecciosa, como pancreatites com sinais suspeitos de coleções ou necroses infectadas, nas quais também pode ser posicionado um dreno terapêutico por via percutânea

• Verificação histológica de disfunção do enxerto pancreátrico e/ou rejeição após transplante do órgão em pacientes diabéticos


Assessoria Médica
Dr. Flávio Ferrarini de Oliveira Pimentel: [email protected]