A diverticulite é a inflamação dos divertículos, ou seja, de pequenas bolsas, hérnias ou dilatações saculiformes que se formam em pontos frágeis na mucosa do intestino grosso – o cólon – em decorrência do aumento constante da pressão nesse segmento para a eliminação das fezes. Em geral, os divertículos costumam aparecer depois dos 50 anos, acompanhando o envelhecimento do ser humano, e passam despercebidos em muitas pessoas. Estima-se que 30% da população mundial tenham esse problema, que, contudo, só incomoda em cerca de 10% a 15% dos casos. O fato é que, como acumulam fezes em seu interior, essas hérnias, sob condições apropriadas, podem funcionar como um meio ideal para a proliferação de bactérias – daí porque se inflamam. Quando as hérnias existem, mas sem inflamação, diz-se tratar-se de diverticulose ou doença diverticular. Apesar de poder ser facilmente tratada em 80% de seus portadores, essa inflamação traz consigo um risco iminente de complicações, entre as quais a formação de conexões anormais (ou fístulas) entre o intestino grosso e outros órgãos próximos – especialmente com a bexiga –, a perfuração intestinal e a infecção da cavidade abdominal, ou seja a peritonite, causada pela migração do conteúdo intestinal para essa região. A diverticulite afeta especialmente a população da terceira idade e, entre eles, tem predileção por indivíduos que fazem tratamentos para o câncer, pelos diabéticos e todas as pessoas com o sistema imunológico comprometido. |
"O sintoma mais característico da inflamação é dor abdominal do lado esquerdo do abdome, na parte mais baixa, próxima à pelve. Ela pode ser muito intensa e em cólica, com períodos de melhora e piora. Quando o médico examina o abdome do indivíduo afetado, a dor pode piorar muito, o que indica maior gravidade do quadro. Pode ocorrer febre, ardor e dificuldade para urinar e, ainda, alternância do hábito intestinal: períodos de diarréia intercalados com constipação, podendo apresentar sangramento nas fezes. Em situações mais graves o paciente pode apresentar náuseas e vômito. A principal causa da doença diverticular ou diverticulose é a falta de fibras na alimentação por anos a fio. Como não são digeridas, as fibras aumentam o volume do bolo alimentar, que, uma vez maior, funciona como um estímulo para as contrações do cólon e ainda reduz a necessidade de haver uma grande pressão para a eliminação das fezes. Sem esse nutriente, o esforço local precisa ser maior e, portanto, predispõe o intestino grosso a formar os divertículos nos pontos de maior fragilidade da sua parede. Como já mencionado, o fator idade igualmente favorece o surgimento das hérnias, por causa da perda da elasticidade da musculatura do cólon, assim como fatores genéticos, ainda em estudo. Por fim, a doença pode ainda ser decorrente do uso de medicamentos que agridem a mucosa intestinal."
"O diagnóstico da diverticulite é feito inicialmente pela exclusão de outras doenças que cursam com sintomas semelhantes. Algumas delas infecciosas como a apendicite, a colite e a infecção do trato urinário e outras de caráter inflamatório como o colon irritável e a doença de Crohn. Por fim, deve-se ainda afastar a possibilidade de doenças ginecológicas, como a endometriose, e alguns tipos de câncer no intestino. O diagnóstico é delineado com base na história do indivíduo, no conjunto de sintomas, no exame clínico e no resultado de alguns exames de imagem, a exemplo da ultra-sonografia e da tomografia computadorizada da região pélvica e abdominal. Se o médico souber previamente da existência de divertículos, o conjunto de sinais clínicos pode ser bastante sugestivo para a conclusão diagnóstica. A confirmação dos divertículos geralmente é feita posteriormente, após o tratamento, pela colonoscopia, um exame que permite a visualização do intestino grosso por meio de uma sonda com fibra óptica, introduzida por via retal. Na fase aguda da inflamação, porém, esse método não deve ser realizado pelo risco de provocar uma eventual perfuração e suas graves complicações, como a peritonite. A realização da colonoscopia visa a afastar a hipótese de câncer de cólon, de doença de Crohn e outras doenças que afetam o intestino grosso."
"Em caso de suspeita de peritonite há necessidade de hospitalização imediata para a administração endovenosa de soro e antibióticos potentes mantendo o paciente em jejum. Na ausência de sinais clínicos de maior gravidade, o tratamento pode ser efetivo com antibióticos por via oral combinados com dieta leve e líquida. A abordagem clínica costuma dar certo em 80% dos portadores da inflamação. Quando a evolução não é favorável, apesar dos cuidados instituídos, a atenção volta-se à possibilidade de complicações que requeiram conduta cirúrgica, como a drenagem dos abscessos – do acúmulo de pus – ou mesmo para a retirada da porção comprometida do cólon nas situações de maior gravidade, como a perfuração intestinal. É possível prevenir o surgimento dos divertículos com o consumo de alimentos ricos em fibras. Como pode ser difícil obter a quantidade ideal diária desse nutriente (cerca de 10 a 20 g) apenas com a dieta cotidiana, convém acrescentar fibras alimentares às refeições, como o farelo de trigo e o farelo de aveia, que podem ser misturados a sucos, iogurtes, sopas, purês e outras preparações. Atualmente, há também diversos produtos industrializados acrescidos de fibras, como biscoitos, pães, leites, cereais matinais, margarinas e iogurtes. A prática regular de exercícios físicos igualmente contribui para a saúde do cólon, por auxiliar o funcionamento intestinal, assim como o controle do peso."