A doença celíaca é uma condição clínica genética que se caracteriza por intolerância permanente ao glúten, uma proteína presente no trigo, no centeio, na cevada, na aveia e no malte. Nessa moléstia, o sistema imunológico agride a mucosa do intestino delgado reduzindo sua superfície, que faz contato com os alimentos. Com isso, o órgão perde a capacidade de absorver os nutrientes dos alimentos. Por conseqüência, o portador dessa intolerância se enfraquece e desenvolve diversas doenças e condições decorrentes da má absorção, desde desnutrição e déficit de peso e crescimento até anemia e osteoporose. Além disso, os celíacos possuem um risco maior de surgimento de câncer no intestino delgado, por conta da constante agressão à sua mucosa, quando o tratamento não é seguido corretamente. Apesar de tais conseqüências, a condição é de fácil tratamento, o qual, precisa ser feito ao longo de toda a vida, ainda que o indivíduo passe a não ter os sintomas iniciais. Muito comum na população mundial, a doença celíaca afeta uma em cada 250-300 pessoas, embora seja rara em africanos, chineses e japoneses. |
"Na maioria dos casos, a intolerância ao glúten se apresenta na infância, nos cinco primeiros anos de vida, com diarréia crônica e deficiência de crescimento sem razão aparente, acompanhadas ou não de vômitos, anemia, perda de peso, barriga distendida, fraqueza e irritabilidade. Contudo, pode surgir, em pacientes adultos, com sintomas não diretamente relacionados com o intestino, a exemplo de fadiga crônica, depressão, infertilidade, anemia persistente, osteoporose antes da menopausa, inflamações na pele – como bolhas, vermelhidão e estrias avermelhadas – e, mais raramente, com desordens neurológicas. Há também a possibilidade de a doença celíaca manifestar sintomas leves, o que torna o diagnóstico mais difícil. As causas da doença celíaca são genética, imunológica e ambiental, com a ingestão do glúten. A pessoa herda dos pais a predisposição à intolerância ao glúten, e seu sistema de defesa lesa o intestino delgado e desencadeia a má absorção. Essa reação é um descontrole do sistema imunológico, uma vez que permite um ataque a uma parte do próprio organismo."
"O diagnóstico combina a avaliação clínica do médico com alguns recursos laboratoriais. Em geral, realizam-se exames que pesquisam, no sangue do indivíduo com a suspeita, a presença de anticorpos e de marcadores genéticos que estão relacionados com a doença. Esses testes ajudam bastante, mas o diagnóstico definitivo é confirmado pela identificação de determinadas alterações na mucosa do intestino delgado. Para tanto, há necessidade da realização de uma biópsia. Nesse exame, um minúsculo fragmento da região é colhido durante uma endoscopia digestiva, um método que permite a visualização do interior do sistema digestório por meio de uma espécie de sonda com fibra óptica."
"O tratamento se baseia apenas na eliminação do glúten da dieta, ao longo de toda a vida do indivíduo, o que significa que ele não pode ingerir derivados do trigo, da aveia, da cevada, do malte e do centeio. Sem essa exposição, ocorre a interrupção da lesão intestinal e a mucosa do intestino delgado retoma sua característica original e volta a absorver os nutrientes dos alimentos, cessando os sintomas. A dieta deve ser seguida mesmo na ausência de manifestações clínicas, pois as alterações no tecido intestinal causadas pela doença, aumentam o risco de desenvolvimento de tumores malignos , além de causarem abortos de repetição em mulheres e redução da fertilidade em ambos os sexos. Não há como evitar a doença celíaca, uma vez que, nem a herança familiar, nem a reação imunológica são passíveis de controle. Para quem é portador da doença, a melhor maneira de prevenir complicações é seguir estritamente a dieta, todo alimento deve ter sua composição conhecida para ter certeza que não foi feito com trigo, aveia, cevada ou centeio. Lembre-se, todos os tipos de verduras, legumes, carnes, frutas e farinhas de mandioca, de arroz e batata, são permitidos. Atenção especial deve ser dada aos alimentos industrializados, nos quais o glúten pode estar “escondido”. Assim, neles, o rótulo dos ingredientes deve ser lido sempre. Desde 2004, existe uma lei brasileira que exige a inserção, nas embalagens de produtos alimentícios, de informação clara e visível sobre a presença ou não do glúten entre os ingredientes. Portanto, no rótulo estará escrito em negrito : contém ou não contém glúten. Para evitar as fugas da dieta, vale a pena lembrar que, atualmente, há um sem-número de sites voltados a celíacos, com informações e dicas interessantes para tornar a alimentação do portador da doença mais nutritiva, criativa e prazerosa."