Febre tifóide

Tópicos presentes nesta página:

  • Descrição  
  • Causas e Sintomas  
  • Exames e Diagnósticos  
  • Tratamentos e prevenções  

Descrição

A febre tifóide é uma doença infecciosa causada pela bactéria Salmonella typhi, transmitida principalmente por água e alimentos contaminados.

Como diz o próprio nome, a infecção se caracteriza por uma febre alta prolongada, acompanhada de alterações intestinais, como diarréia com sangue e do aumento das dimensões do baço e do fígado. Cerca de 10% dos casos apresentam manchas avermelhadas no tronco. Na ausência de tratamento adequado, a doença permanece evoluindo por semanas e às vezes, até por meses.

As principais complicações incluem hemorragias abdominais, perfuração intestinal, com risco de infecção da cavidade abdominal, e outros processos infecciosos severos, que podem afetar os rins, as vias urinárias, os pulmões, as válvulas cardíacas, os ossos, os músculos e o sangue. Em média, a febre tifóide pode ser fatal em 15% das pessoas que a contraem. Na maioria dos infectados, contudo, a temperatura começa a cair a partir da terceira semana e volta ao normal na quarta semana. Apesar disso, as recaídas são comuns nos indivíduos que não recebem tratamento adequado.

A moléstia está presente em todo o globo, mas é mais freqüente nas regiões carentes de saneamento básico, particularmente na Índia, Américas do Sul e Central e África. Estima-se que, anualmente, ocorram de 12 milhões a 33 milhões de casos, a maior parte na Ásia e na África. No Brasil, foram registrados quase 8 mil casos confirmados de 1996 a 2005, a maioria no Norte e no Nordeste, porém com sensível queda de incidência – em 1996, houve 1.358 pessoas diagnosticadas, ante 397, em 2005.

Causas e Sintomas

"A doença cursa sobretudo com febre alta, que sobe lentamente nos primeiros dias de infecção, atingindo o patamar de 39ºC a 40ºC nas duas semanas seguintes, desce gradualmente no final da terceira semana e atinge níveis normais por volta da quarta semana. A elevação da temperatura corporal é acompanhada de dores de cabeça, dor no corpo, mal-estar geral, falta de apetite, dor abdominal, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco e alterações intestinais, como prisão de ventre ou diarréia com sangue. Embora a maioria dos doentes se recupere por completo, podem surgir complicações, principalmente naqueles não tratados ou os que o foram tardiamente. Estas complicações incluem hemorragias digestivas e perfuração intestinal, esta última ocasionando fortes dores abdominais, quadro conhecido como peritonite. Durante a segunda ou terceira semana pode manifestar-se pneumonia, infecção da vesícula biliar ou do fígado. Uma infecção do sangue (bacteriemia) pela Salmonella typhi pode conduzir a uma infecção dos ossos (osteomielite), das válvulas cardíacas (endocardite), do cérebro (meningite), dos rins (glomerulonefrite), das vias urinárias ou do músculo, com formação de abcesso. Em aproximadamente 10 % dos casos não tratados, os sintomas da infecção inicial repetem-se em duas semanas. Entretanto, existem pessoas que são portadoras da bactéria, carregando-a e eliminando-a nas fezes por longos períodos de tempo sem, conduto, terem qualquer sintoma da infecção. São estas pessoas que perpetuam o ciclo da doença. A infecção tem, como causa, a bactéria Salmonella typhi, que ingressa no organismo humano por meio de água e de alimentos contaminados com fezes de portadores do agente infeccioso. A contaminação dos alimentos ocorre pela água empregada em sua lavagem e/ou preparo, pela sua manipulação por mãos que não foram bem higienizadas ou, ainda, por moscas. Mais raramente, a bactéria também pode ser adquirida pelo contato direto com materiais biológicos de pessoas infectadas, como secreções respiratórias, pus, vômitos, fezes e urina. Uma vez no organismo, o agente precisa vencer a barreira da acidez gástrica para chegar ao intestino delgado, onde trava uma batalha com os microrganismos ali naturalmente presentes para conseguir invadir a parede intestinal e, finalmente, alcançar a corrente sangüínea. Em média, o intervalo entre a contaminação e a manifestação dos sintomas vai de 7 a 14 dias."

Exames e Diagnósticos

"O diagnóstico depende fundamentalmente do isolamento da Salmonella typhi no sangue, na primeira semana de doença ou nas fezes, a partir da segunda semana. Existem também provas sorológicas, como a reação de Widal, que podem se úteis no diagnóstico, havendo, no entanto, necessidade de se colher duas amostras, uma na fase inicial da doença e outra após duas semanas. É importante notar que o uso indiscriminado de antibióticos pode interferir tanto no resultado das culturas como também nas provas sorológicas. Ocorre que, no início, a febre tifóide pode ter manifestações semelhantes às de outras doenças infecciosas importantes, a exemplo da malária. Da mesma forma, não é difícil confundi-la com outras infecções à medida que progride, como pneumonia e tuberculose. Por isso, muito freqüentemente o médico pode precisar investigar melhorar essas hipóteses."

Tratamentos e prevenções

"O tratamento da febre tifóide pode ser feito ambulatorialmente, apenas com o uso de antibióticos contra o agente infeccioso e de medidas para a hidratação do indivíduo. Se o caso for mais grave, a administração dos medicamentos e da hidratação precisa ser realizada em regime de internação hospitalar, por via endovenosa. De qualquer maneira, é possível curar mais de 99% dos casos com o estabelecimento rápido da antibioticoterapia. Em geral, os infectados que não resistem à febre tifóide ou estão desnutridos ou são muito jovens ou, ainda, têm idade muito avançada. A forma mais efetiva de prevenir a febre tifóide em uma localidade é a existência de infra-estrutura de saneamento básico adequada, incluindo a execução de melhorias no sistema de armazenamento e distribuição de água tratada e a construção de redes de esgoto. A inspeção sanitária em estabelecimentos como escolas, restaurantes e bares, além do controle das moscas também são medidas importantes. A prevenção passa ainda obrigatoriamente pela educação sanitária da população, de forma que cada pessoa saiba como se adquire a doença e possa fazer sua parte para evitar a contaminação. Na prática, é fundamental ferver ou filtrar a água antes de consumi-la, prevenir-se com boas práticas de higiene pessoal, como lavar as mãos após usar o banheiro, manipular os alimentos de forma adequada e higiênica e, se possível, evitar o consumo de produtos preparados e vendidos por ambulantes – na dúvida, especialmente em viagens, é melhor ficar com alimentos industrializados. Mesmo assim, todo o cuidado é pouco com pedras de gelo, que muitas vezes podem esconder a fonte da uma eventual contaminação. Existem duas vacinas contra a febre tifóide, uma injetável e outra oral, que, entretanto, não têm indicação universal porque sua eficácia deixa a desejar. A utilização de tais produtos deve ser avaliada por um médico e, ainda assim, se o risco de infecção for muito elevado. Contudo, a imunização não dispensa os cuidados mencionados."