Malária

Tópicos presentes nesta página:

  • Descrição  
  • Causas e Sintomas  
  • Exames e Diagnósticos  
  • Tratamentos e prevenções  

Descrição

A malária é uma doença infecciosa muito freqüente nos países de clima tropical e subtropical, causada por quatro espécies do protozoário Plasmodium, que são transmitidas pela picada de mosquitos anofelinos, ou Anopheles. Passados 30 minutos de sua entrada na circulação do homem, esse parasita alcança o fígado e se multiplica dentro das células hepáticas e, destas, passa para os glóbulos vermelhos, onde se desenvolve e os destrói, lançando substâncias tóxicas na corrente sanguínea e  espalhando-se por todo o organismo.

A doença pode ser tratada com sucesso se for rápida e corretamente diagnosticada, até porque possui uma forma maligna, provocada pelo Plasmodium falciparum, que precisa ser identificada com prontidão e abordada como uma emergência médica. Sem tratamento, contudo, qualquer tipo dessa infecção causa anemia e coloração amarelada da pele e dos olhos, a chamada icterícia, com risco de comprometer o funcionamento de órgãos vitais, como os rins e o cérebro.

Estima-se que a malária afete 300 milhões de pessoas no mundo todo a cada ano, mais de 90% em países africanos, sendo fatal para cerca de 1,5 milhão de pessoas.

No Brasil, está concentrada na chamada Amazônia Legal, que compreende Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Em 2005, foram registrados quase 600 mil casos nessas regiões, quase 12 vezes a mais do que em 1970, quando a epidemia parecia controlada após ostensivas aplicações de inseticida.

Contudo, a migração desordenada de indivíduos não-imunes para esses Estados fez com que o aparente controle fosse por água abaixo. E desde 1999 assistimos a essa avalanche malárica, que, para ser revertida, requer agilidade dos órgãos de saúde tanto no combate ao mosquito quando no diagnóstico rápido dos casos.

Causas e Sintomas

"A presença do parasita no organismo produz febre alta, calafrios, sensação de mal-estar, dor de cabeça, dores musculares, cansaço e falta de apetite, assemelhando-se, no início, a uma gripe. Esse quadro pode durar de seis dias a semanas. Depois disso, a pessoa passa a ter crises a cada dois ou três dias, que coincidem com a destruição dos glóbulos vermelhos e com a invasão de toxinas na circulação. A temperatura corporal sobre para perto de 39-40 graus, geralmente no fim da tarde, o que é acompanhado de palidez e de tremores que podem durar de 15 a 60 minutos e são seguidos de horas de febre e queda repentina da temperatura, com suores intensos. Após a crise, contudo, o indivíduo se sente bem, evidentemente até o próximo episódio. Na forma mais grave da infecção, causada pelo Plasmodium falciparum, as crises podem se manifestar com sinais mais graves, como delírios, desmaios, convulsões, entupimento de vasos e artérias e até choque e coma. De acordo com a espécie do parasita, variam os intervalos das crises de febre: o P.vivax e P.ovale - acessos em dias alternados, 48 em 48 horas; P. malariae - os acessos se repetem cada 72 horas (daí o nome “febre terçã”); P. falciparum - com intervalos de 36 a 48 horas, por vezes com febre ininterrupta. A malária chega ao ser humano por meio da picada da fêmea do Anopheles, que se contamina ao atacar uma pessoa já infectada. Esse inseto põe seus ovos em grandes coleções de água, daí porque é tão comum na região amazônica, e tem hábitos noturnos, do crepúsculo ao amanhecer, procurando suas vítimas quase sempre dentro das habitações, em áreas rurais e semi-rurais. Há quatro espécies do parasita que podem ser transmitidas pelos anofelinos: além do Plasmodium falciparum, responsável pela infecção mais grave, há o Plasmodium vivax, o Plasmodium malariae e o Plasmodium ovale, este último mais comum na África. O período de incubação, ou seja, o tempo transcorrido após a picada até o surgimento dos sintomas, dura, em média, 15 dias, mas pode levar meses em alguns casos. Como o agente infeccioso fica na circulação de seu hospedeiro, é possível transmitir a malária também por transfusão de sangue, por seringas e agulhas contaminadas e ainda durante a gestação, da mãe para o bebê."

Exames e Diagnósticos

"As manifestações clínicas não são suficientes para estabelecer o diagnóstico de pronto, apesar da forte suspeita que inspiram, mesmo que o indivíduo viva em áreas endêmicas ou tenha história recente de viagem para essas regiões, uma vez que esses também são locais de risco para a dengue e para a febre amarela, que cursam com sintomas parecidos no início da infecção. Por isso, há necessidade da realização de exames específicos para a detecção e a identificação do Plasmodium. O exame parasitológico do sangue em gota-espessa deve ser realizado o mais rapidamente possível. Em geral, o resultado sai em cerca de 20 minutos a pouco mais de uma hora e só depois dele é que o tratamento começa, uma vez que cada espécie requer uma abordagem terapêutica diferente. Existem outros exames, como provas rápidas de detecção de antígenos do parasita, ou seja, de substâncias que levam o organismo a produzir anticorpos, ou a pesquisa dos próprios anticorpos (testes sorológicos) e ainda testes de biologia molecular que detectam o material genético do parasita em amostras biológicas, embora nenhum destes ainda substitua o exame parasitológico direto em gota-espessa. Vale lembrar que confirmação laboratorial da malária não exclui a hipótese de febre amarela nem de dengue nas áreas de risco, razão pela qual essas possibilidades precisam ser também investigadas."

Tratamentos e prevenções

"O tratamento da malária é feito com antimaláricos, ou seja, medicamentos aos quais as diferentes espécies de Plasmodium são suscetíveis. Atualmente, usam-se substâncias como a mefloquina, a artemisina, a quinina e a cloroquina. Cada tipo de parasita, porém, exige um medicamento diferente ou associações desses fármacos, que podem ser usados por via oral, em casa. Já as infecções causadas pelo Plasmodium falciparum constituem emergências médicas, requerendo hospitalização, e normalmente exigem medicações de ação rápida, administradas por via endovenosa, monitoração dos órgãos vitais e abordagem das complicações. Em qualquer caso, a terapêutica não deve ser interrompida antes do tempo prescrito pelo médico, que varia conforme a espécie envolvida, sob o risco de haver recaídas. Não há vacinas contra a malária. Por isso, a melhor forma de prevenção é evitar a picada do mosquito. Assim, em regiões endêmicas, recomenda-se usar repelente nas áreas expostas do corpo – que deve conter dietiltoluamida (Deet) na concentração máxima de 10% para crianças e de 50% para adultos – e vestir calças e camisas de mangas compridas, além de colocar mosquiteiros e telas dentro das habitações. O ar condicionado também ajuda a afugentar o vetor. É fundamental não ficar próximo de lagos, igarapés e águas paradas ao entardecer ou ao amanhecer, pelo risco iminente de um ataque dos anofelinos em tais períodos. Quem vai ficar em uma área de risco por um período limitado deve conversar com um médico especialista em Medicina de Viagem ou em Infectologia para avaliar a possibilidade de receber um tratamento preventivo com anti-maláricos. Só não vale se automedicar. De qualquer maneira, o importante é que tanto os moradores quanto os visitantes de locais endêmicos procurem um serviço médico diante de qualquer febre, pois, no começo, a doença se parece muito com uma gripe. O diagnóstico precoce certamente poupa as pessoas de sofrimentos desnecessários e, sobretudo, impede as severas complicações associadas à malária maligna."