Sífilis

Tópicos presentes nesta página:

  • Descrição  
  • Causas e Sintomas  
  • Exames e Diagnósticos  
  • Tratamentos e prevenções  

Descrição

A sífilis, ou lues, é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Treponema pallidum. É uma infecção crônica com manifestações cutâneas temporárias, de distribuição universal. Depois da aids, ocupa o posto de DST mais preocupante, uma vez que, se não tratada em suas fases iniciais, progride com manifestações que comprometem todo o organismo, principalmente olhos, pele, ossos, coração, cérebro e sistema nervoso.

A doença está dividida em três estágios: primário, secundário e terciário. As duas primeiras fases apresentam as características mais marcantes da infecção, quando se observam os principais sintomas e também quando há mais possibilidade de transmissão. Em seguida, a sífilis aparentemente desaparece por um longo período, ficando num estado de latência, ainda potencialmente transmissível, mas sem sintomas, embora com chances de recaídas para o estágio secundário, ou, então, entra em sua fase terciária, justamente quando os órgãos-alvo, tomados pela bactéria, começam a se inflamar lenta e progressivamente, resultando num quadro severo que, no mínimo, deixa seqüelas irreversíveis.

Estima-se que a sífilis faça 900 mil casos novos no Brasil a cada ano, não obstante as campanhas de prevenção de DST. Desses, pelo menos 50 mil envolvem gestantes, que acabam passando a doença para 12 mil bebês por ano, segundo cálculos do Ministério da Saúde. Apesar disso, há subnotificação da forma congênita da infecção. De 1998 a junho de 2006, foram registrados apenas 36,6 mil casos em crianças.

Causas e Sintomas

"Na primeira fase da infecção, chamada primária, a sífilis manifesta-se inicialmente como uma pequena ferida nos órgãos sexuais, com bordas endurecidas e profundas, chamada de cancro duro. Na mulher, essa ferida pode não ser tão aparente, ficando “oculta” dentro da vagina ou colo do útero, adiando o diagnóstico. Esta úlcera é acompanhada de ínguas (caroços) nas virilhas, que surgem entre a 2ª ou 3ª semana após a relação sexual desprotegida com pessoa infectada. A ferida e as ínguas não doem, não coçam, não ardem e não apresentam pus. Após um certo tempo, mesmo sem qualquer tratamento, a ferida desaparece sem deixar cicatriz, dando à pessoa a falsa impressão de estar curada. Se a doença não for tratada, continua a avançar, evoluindo para a fase secundária. Nesta segunda fase a bactéria se dissemina pelo organismo, aparecem manchas avermelhadas na pele do corpo todo, inclusive nas palmas das mãos e solas dos pés, acompanhadas de sinais comuns de infecções, como mal-estar, febre, dor de cabeça e de garganta, perda de apetite e ínguas. Esta fase também acaba desaparecendo sozinha, novamente dando falsa sensação de cura ao indivíduo infectado. A partir desta fase, a doença pode passar por um longo período silencioso, sem sintomas e finalmente evoluir para a fase terciária. A fase terciária cursa com manifestações severas nos órgãos comprometidos. No cérebro, a doença pode causar meningite e paralisia de nervos, incluindo os da visão, com risco de cegueira, e obstrução nos vasos, com probabilidade de acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico (“derrame”). Na medula espinhal, provoca a perda de reflexos e da sensibilidade dos membros, chegando a ocasionar a perda da capacidade de locomoção. No sistema cardiovascular, afeta o funcionamento do coração, por interferir no trabalho das valvas cardíacas, que têm a incumbência de controlar a chegada do sangue venoso e a partida do sangue oxigenado, e pode lesar grandes artérias do corpo, como a aorta, levando-as à dilatação – um evento conhecido como aneurisma. Caso ocorra em grávidas, a sífilis poderá causar aborto ou má formação do feto, chamada de sífilis congênita. Na maioria destes casos os sintomas se apresentam nos primeiros meses após o nascimento, com pneumonia, feridas no corpo, cegueira, problemas ósseos, surdez e comprometimento neurológico. Como já mencionado, a doença tem, como causa, a bactéria Treponema pallidum, que é transmitida nas relações sexuais, durante a gestação, da mãe para o feto e em transfusões sangüíneas. Evidentemente, a principal via de transmissão é mesmo a sexual. O período de incubação, ou seja, o tempo para a sífilis se manifestar após o contágio, dura, em média, 21 dias, podendo variar entre 3 e 90 dias."

Exames e Diagnósticos

"A lesão genital na fase inicial da infecção é altamente sugestiva da doença, mas o diagnóstico depende de confirmação. Nesta fase pode-se fazer a pesquisa da bactéria em material colhido direto do cancro e também exame de sangue para pesquisa de anticorpos antitreponema, feita por mais de um tipo de técnica para evitar resultados falso-positivos. Na segunda fase, como há a manifestação de sintomas genéricos, que costumam aparecer também em outras moléstias infectocontagiosas, o médico pode precisar descartar hipóteses adicionais, além de investigar a presença da sífilis. Nesta fase, como não há mais presença da úlcera genital, o diagnóstico fica restrito à exames sorológicos (de sangue). Na fase terciária, a sorologia precisa ser acompanhada da análise do líquido que circula entre as membranas que envolvem o encéfalo – o líquor –, para descobrir se a bactéria está atacando o sistema nervoso central, assim como de outros exames diagnósticos para avaliar o comprometimento do coração e dos vasos sangüíneos. No recém-nascido, o diagnóstico requer tanto o teste sangüíneo quanto a análise do liquor, além de raios X de ossos longos para verificar se há comprometimento ósseo."

Tratamentos e prevenções

"Apesar de sua gravidade, a sífilis é uma doença de fácil e efetivo tratamento, no qual se emprega, em todos os casos, mesmo na infecção congênita, um dos antibióticos mais antigos e mais baratos que existem – a penicilina. Esse antimicrobiano elimina o treponema, mas não consegue reverter os estragos da infecção nos órgãos-alvo da doença quando isto já aconteceu. Uma lesão na medula ou no sistema nervoso central pode resultar em incapacidades permanentes, que, no máximo, são atenuadas com um trabalho de reabilitação. Já um defeito nas valvas cardíacas e mesmo um aneurisma de aorta têm tratamento específico com procedimentos cirúrgicos, mesmo em bebês. A melhor forma de manter-se longe da sífilis é a prática do sexo seguro, com o uso de preservativo em todas as relações sexuais. Já a infecção congênita pode ser prevenida com um bom pré-natal, no qual o obstetra obrigatoriamente investiga se a gestante está infectada com o treponema. Em caso positivo, a mulher deve fazer um tratamento com penicilina pelo tempo recomendado pelo médico. A sífilis congênita é uma das doenças mais fáceis de evitar quando se sabe que a mãe é portadora da infecção. Contudo, sem tratamento, tem de 70% a 100% de chance de passar para o bebê, com risco de 40% de mortalidade da criança nos primeiros dias após o nascimento. Além dessas medidas, é importante que homens e mulheres com feridas genitais procurem assistência médica imediata para esclarecer a origem das lesões."