Síndrome do intestino irritavel

Tópicos presentes nesta página:

  • Descrição  
  • Causas e Sintomas  
  • Exames e Diagnósticos  
  • Tratamentos e prevenções  

Descrição

A síndrome do intestino irritável, antigamente denominada colite nervosa, é um distúrbio crônico que afeta predominantemente o funcionamento do intestino grosso, a porção responsável por absorver água e sais minerais provenientes da digestão dos alimentos e por fazer movimentos coordenados, mais precisamente contrações e relaxamentos sucessivos, com o objetivo de eliminar o resíduo restante do processo digestivo pela evacuação.

Esses movimentos, porém, não ocorrem de forma coordenada na síndrome, desencadeando, assim, um quadro de sintomas caracterizado sobretudo por desconforto abdominal e necessidade freqüente de evacuar.

No entanto, diferentemente de outros transtornos intestinais, a síndrome não possui nenhum componente inflamatório nem infeccioso. Trata-se, portanto, de uma doença benigna, que não se espalha para outros órgãos e nem costuma se agravar, mas que prejudica as atividades diárias de seu portador, interferindo no humor, na concentração e até mesmo nas relações sociais dos indivíduos.

No mundo, estima-se que cerca de 10 a 15% da população adulta tenha a síndrome do intestino irritável. No Brasil, como em outras partes do mundo, a doença é o principal diagnóstico no consultório dos gastroenterologistas. Entre as pessoas que procuram atendimento médico com essas queixas, as mulheres jovens são maioria.

Causas e Sintomas

"Os sinais clínicos incluem dor e/ou desconforto abdominal, que geralmente começam após a alimentação e melhoram com a excreção das fezes, excesso de gases, distensão do abdome e mudança nos hábitos intestinais – as pessoas evacuam muitas vezes, sobretudo de manhã, apresentam crises de prisão de ventre alternadas com períodos de diarréia, sempre com alterações no formato das fezes, e têm uma sensação constante de evacuação incompleta. Esses sintomas são bastante freqüentes na maioria dos portadores da síndrome. Pode haver ainda outros sintomas menos específicos como náuseas, má digestão, dor de cabeça e sensação de empachamento. Vários fatores interferem na movimentação e na sensibilidade do intestino. Entre eles, figuram hábitos alimentares inadequados, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, uso cotidiano de determinados medicamentos e, sobretudo, alterações emocionais, aí incluindo o estresse, a ansiedade, as variações de humor e a depressão. Ocorre que o intestino funciona como ‘um segundo cérebro’, como gostam de dizer os especialistas, pois possui uma inervação própria e hormônios reguladores de seus movimentos que se assemelham aos encontrados no sistema nervoso central. É como se as estruturas intestinais respondessem diretamente ao estado emocional. Assim sendo, existe uma relação evidente entre as emoções experimentadas pelo indivíduo e os movimentos intestinais. Além de todos esses fatores, os processos inflamatórios e infecciosos parecem contribuir para deflagrar uma exacerbação dos sintomas."

Exames e Diagnósticos

"Apesar de sua elevada freqüência, a síndrome do intestino irritável apresenta um quadro de sintomas muito parecido com o de outras moléstias intestinais importantes, como a doença de Crohn e o câncer de intestino. Dessa maneira, a primeira providência do médico, diante de tais queixas, é descartar as possibilidades diagnósticas mais graves por meio do levantamento da história de saúde do indivíduo, da realização de testes laboratoriais de sangue e de fezes. Em situações muito específicas, pode ser necessária a colonoscopia, um exame que permite a visualização da superfície do intestino grosso por meio de uma fibra óptica, introduzida por via retal. O diagnóstico, portanto, é feito por exclusão de outras enfermidades, razão pela qual requer uma certa paciência do doente e, evidentemente, um bom esclarecimento médico. Infelizmente, muitas vezes a conclusão demora a vir à tona. Estima-se que grande parte dos portadores da síndrome recebam o diagnóstico dessa doença cerca de três anos depois da primeira manifestação."

Tratamentos e prevenções

"O tratamento costuma ser feito com medicamentos e com mudanças na dieta para controlar os movimentos do intestino e recuperar sua coordenação motora normal. As medicações usadas podem incluir as que interferem com os hormônios que ajudam a regular a movimentação local, os antiespasmódicos, que atenuam a dor e o desconforto abdominal, e os fármacos para reduzir o impacto das alterações emocionais sobre o funcionamento do intestino, como antidepressivos e ansiolíticos. Na alimentação, recomenda-se restringir o consumo de alimentos ricos em gorduras (bacon, frituras, maionese etc.), em frutose (frutas, mel, sorvete, geléia, gelatina, biscoitos doces, goma de mascar etc.) e em sorbitol (algas marinhas, bebidas fermentadas, chicletes e algumas frutas). O leite também pode representar um problema para muitos portadores da síndrome, por colaborar com a formação de gases e com o aumento da movimentação intestinal. Mas, dada sua importância como fonte de cálcio, recomenda-se substituí-lo por uma versão sem lactose e reduzir o consumo de seus derivados, como queijos, requeijão e manteiga. Como os mecanismos de instalação da síndrome do intestino irritável são um tanto complexos, por envolverem fatores emocionais, é importante valorizar variações constantes de humor e estados de tristeza e ansiedade extrema, procurando um profissional especializado antes que essas condições tenham reflexo sobre o intestino e mesmo sobre outros órgãos e sistemas mais suscetíveis. A manutenção de uma dieta equilibrada, pobre em gorduras e rica em fibras e vegetais, também contribui para a saúde e o bom funcionamento do intestino, assim como a parcimônia no consumo de bebidas alcoólicas. Por fim, todo o cuidado é pouco com o uso de medicamentos sem prescrição médica. Convém esclarecer que, por ser uma doença com sintomas inespecíficos, comuns a várias enfermidades, torna-se fundamental buscar esclarecimento rápido diante de sintomas gastrointestinais cotidianos, tanto para descartar problemas mais graves quanto para evitar um maior impacto da síndrome ao dia-a-dia de seu portador."