A síndrome nefrótica é um conjunto de sinais e sintomas que se caracteriza pela perda maciça de proteínas pela urina, tais como a albumina, a transferrina, as gamaglobulinas e as microglobulinas, e pelo surgimento de complicações que afetam vários órgãos e sistemas. Com a excreção protéica exagerada, denominada proteinúria, a produção de proteínas pelo fígado torna-se insuficiente para o perfeito funcionamento do organismo, causando desnutrição. Essa queda no nível de proteína no sangue, em especial da albumina, associada a uma maior retenção de sódio pelos túbulos coletores renais por mecanismos ainda não completamente esclarecidos, provocam o edema (inchaço) característico da síndrome nefrótica, além do aumento da pressão arterial. Há também um aumento nos níveis de colesterol na circulação, que está associado a doenças cardíacas, e ocorre perda de inibidores da coagulação, o que favorece a ocorrência de tromboses venosas. É importante ponderar que todo esse conjunto de conseqüências ocorre gradualmente e pode ser interrompido com o tratamento da causa da proteinúria. |
"As manifestações da síndrome nefrótica incluem inchaço generalizado, particularmente na face, nos membros inferiores e no abdome, além de ganho de peso – apesar do apetite diminuído –, fraqueza e cansaço, elevação da pressão arterial, volume urinário diminuído e presença de espuma na urina, um sinal bem característico da perda de proteínas. A excreção exagerada de proteínas pela urina tem, como causa, quaisquer lesões nos glomérulos dos rins, que são responsáveis pela filtração do sangue e, uma vez comprometidos, deixam escapar o que devia ser mantido no organismo. Essas alterações decorrem de diversos tipos de glomerulonefrites, mas também são provocadas por doenças infecciosas, desde a toxoplasmose até a aids, e por doenças crônicas que acometem todo o organismo, a exemplo do diabetes e do lúpus eritematoso sistêmico, assim como por obstrução dos vasos sangüíneos dos rins, por alguns tipos de câncer, por problemas anatômicos congênitos e por exposição prolongada a substâncias tóxicas e a drogas de abuso."
A confirmação da proteinúria, que muitas vezes já fica evidente na avaliação clínica, por causa do inchaço característico, depende de um simples exame de urina, uma vez que análise desse material quantifica o volume de proteínas urinárias. Contudo, o médico precisa investigar a causa do mau funcionamento dos glomérulos, o que pode incluir a execução de diversos tipos de testes laboratoriais de sangue para pesquisar doenças infecciosas e sistêmicas e, principalmente, a realização de uma biópsia renal para conhecer a fundo o tipo e a extensão da lesão nos glomérulos. Esse procedimento, que hoje pode ser efetuado em ambiente ambulatorial, consiste na retirada de minúsculos fragmentos dos rins por meio de uma punção especial com agulha, feita sob anestesia local, para posterior análise de suas alterações, células e tecidos.
"O tratamento tem o objetivo de reduzir ou suprimir a perda descontrolada das proteínas urinárias, de forma que a taxa de albumina no sangue retome seus níveis normais e os sintomas sejam atenuados. Para tanto, é necessário intervir na causa da má filtração do sangue, além de medicamentos que deprimem o sistema imunológico, já que uma parte importante das glomerulonefrites se origina de respostas imunes anormais. Em geral, as medicações hipertensivas, para controlar a pressão arterial, e diuréticas, para equilibrar o volume de líquidos e de sais no organismo, são sempre necessárias, assim como a adoção de dietas com consumo restrito de sódio e de proteínas. Além de procurarem restabelecer a boa filtração, todas essas estratégias terapêuticas visam a evitar maiores danos aos rins. Nos casos em que há obstrução de veias, problemas anatômicos ou tumores, o tratamento tem de ser realizado com intervenções cirúrgicas. Evidentemente, as complicações da proteinúria, como a hipercolesterolemia e a trombose venosa, só para citar algumas, requerem abordagens específicas. Uma vez que a síndrome nefrótica representa um conjunto de sinais e sintomas causados por outras doenças, é importante tentar prevenir o que desencadeia essa condição. As glomerulonefrites podem ser difíceis de evitar, pois a maioria delas tem, como ponto de partida, respostas inflamatórias anormais que, por vezes, se manifestam de forma imprevisível e sem nenhuma causa associada. No entanto, algumas dessas reações surgem depois de processos infecciosos, estes, sim, evitáveis com a manutenção de bons hábitos de vida, aí incluindo alimentação equilibrada, bom sono, ingestão diária adequada de líquidos e prática de atividade física, entre outros que, comprovadamente, também previnem ou retardam a instalação de doenças ligadas ao comprometimento renal, como o diabetes. Já que nem sempre é possível levar uma vida livre da ação nociva de vírus e bactérias, qualquer infecção deve ser valorizada e adequadamente tratada pelo tempo recomendado pelo médico. Vale lembrar ainda que muitas das moléstias infecciosas associadas à síndrome nefrótica possuem meios efetivos de prevenção, como a aids e as hepatites A e B."