Mais comumente conhecida como "olho seco", a xeroftalmia ou ceratoconjuntivite seca é uma condição que se caracteriza pela deficiência na produção de lágrimas, resultante de uma disfunção das glândulas lacrimais. Provocada por múltiplos fatores, como medicamentos e algumas doenças, essa disfunção determina tanto a redução do volume lacrimal quanto alterações em sua composição. O fato é que, sem contar com o perfeito funcionamento do sistema lacrimal, os olhos reagem com manifestações bastante incômodas na conjuntiva e, sobretudo, na córnea, que fica mais suscetível a se inflamar e a sofrer lesões capazes de comprometer a qualidade da visão das pessoas. As lágrimas, afinal, respondem pela nutrição e pela lubrificação da córnea, facilitam a visão e defendem a superfície ocular das agressões externas. A xeroftalmia é uma queixa muito comum na população mundial, mas que deve ser corretamente investigada e tratada. Ocorre que ela pode ser desde um sintoma decorrente da idade, de alterações hormonais ou do uso de algum medicamento, até uma manifestação de distúrbios auto-imunes, nos quais o sistema imunológico se volta contra constituintes do próprio corpo - como é o caso da síndrome de Sjögren, que, não por acaso, é também conhecida como "síndrome de olho seco". |
"Os sintomas da xeroftalmia incluem um incômodo permanente nos olhos - como se houvesse areia ou algum corpo estranho -, além de ardência, coceira, visão borrada, sensibilidade à luz e vermelhidão, que se acentua no fim do dia. Há muitas causas para o olho seco. A condição pode se originar em decorrência de fatores ambientais, como a exposição a ar-condicionado, fumaça de cigarro, clima seco, poluição e contaminação ambiental, a permanência em lugares fechados ou com calefação. O uso de lentes de contato e de muita maquiagem nos olhos também favorece o surgimento de alterações no sistema lacrimal, assim como a idade, já que, aos 65 anos, nosso organismo fabrica 60% menos lágrimas que aos 18 anos. Outro motivo freqüente de olho seco é a administração cotidiana de determinados medicamentos, tais como alguns descongestionantes, anti-histamínicos, tranqüilizantes, antidepressivos, anticoncepcionais, diuréticos, anestésicos e remédios usados na hipertensão arterial e em alguns tipos de arritmia cardíaca, os famosos betabloqueadores. A xeroftalmia pode ainda ser uma manifestação de algum outro distúrbio ocular, como a inflamação das pálpebras e a queratite, e de doenças como hipotiroidismo e doenças auto-imunes, por exemplo a artrite reumatóide, o lúpus eritematoso sistêmico, a sarcoidose e, claro, a síndrome de Sjögren, entre outras. Por fim, igualmente pode haver fatores nutricionais por trás do olho seco, como a carência de vitamina A e o consumo exagerado de gordura."
O diagnóstico depende do conjunto de sintomas, da história clínica da pessoa, da avaliação oftalmológica e de exames específicos. O teste de Schirmer é o mais utilizado para essa finalidade e consiste em colocar a ponta de uma tira de papel-filtro sob a pálpebra inferior para avaliar a quantidade de lágrima pela medida da extensão da umidade do papel. Alguns exames de sangue também podem ser necessários para investigar a possível associação dessa condição a outras doenças, quando o indivíduo desconhece sua existência. Em tais casos, a abordagem do caso vai precisar do envolvimento de outros especialistas, a exemplo de clínicos, endocrinologistas, reumatologistas e dermatologistas.
"O tratamento depende da causa e da gravidade do quadro, mas em geral usam-se colírios lubrificantes, que podem ser viscosos, para olhos mais secos, ou aquosos, para olhos mais úmidos, além de medidas ambientais. Para alguns pacientes pode ser necessário utilizar outros medicamentos, como antiinflamatórios e imunomoduladores tópicos, ou mesmo intervenção cirúrgica. A prevenção da xeroftalmia passa obrigatoriamente pela proteção dos olhos contra os agressores externos, como vento, poeira, fumaça e produtos em spray, só para citar alguns. Convém evitar a permanência prolongada sob ar condicionado e, principalmente, sob aquecedores. Nos dias mais secos, e também nos locais que abrigam computadores em constante funcionamento, o emprego de umidificadores ou mesmo de recipientes com água devolve aos ambientes a umidade necessária para a manutenção da saúde dos olhos. Os usuários de lentes de contato, por sua vez, devem cuidar muito bem de sua manutenção e limpeza, além de manter os olhos sempre bem lubrificados e de consultar um oftalmologista periodicamente. Não menos importante é evitar a todo custo a automedicação, já que muitos medicamentos interferem na produção de lágrimas. "