Como estratificar o risco de evolução desfavorável em neutropênicos febris | Revista Médica Ed. 4 - 2011

Diretrizes recém-atualizadas da IDSA norteiam essa avaliação, que conta também com uma escala desenvolvida especialmente para pacientes com câncer.

Diretrizes recém-atualizadas da IDSA norteiam essa avaliação, que conta também com uma escala desenvolvida especialmente para pacientes com câncer.

Estratificação de risco segundo a última edição das diretrizes da IDSA
ALTO RISCO
• Neutropenia grave e prolongada (abaixo de 100 células/mm3, por mais de sete dias)

• Manifestações indicativas de gravidade clínica:
- Sinais de instabilidade hemodinâmica
- Sintomatologia respiratória, sobretudo se acompanhada de hipoxemia ou infiltrado de surgimento recente em imagem pulmonar
- Alterações de nível de consciência ou outros sinais neurológicos
- Dor abdominal de início recente
- Presença de mucosite que dificulte a deglutição ou provoque diarreia importante
- Sinais de infecção relacionada a cateter venoso central
- Alterações laboratoriais que revelem disfunção hepática ou renal

BAIXO RISCO
• Neutropenia com perspectiva de resolução em menos de sete dias

• Ausência das condições mórbidas enumeradas anteriormente

Ao longo dos anos, os estudos científicos demonstraram, de maneira irrefutável, que os melhores resultados são obtidos para pacientes que recebem antibióticos de amplo espectro rapidamente após a apresentação da febre associada à neutropenia. No sentido de padronizar a conduta para a instituição da terapia empírica nesses indivíduos, a Infectious Diseases Society of America (IDSA) estabeleceu, em 1997, diretrizes práticas para o uso de agentes antimicrobianos em neutropênicos com câncer. O documento passa por revisões periódicas e a última edição, publicada em fevereiro de 2011, trouxe modificações substanciais em relação à versão anterior, de 2002, sobretudo no que diz respeito à estruturação de critérios para a estratificação de risco desses pacientes, que tem se mostrado essencial para a definição da estratégia profilática e terapêutica de forma racional e com a melhor relação risco-benefício possível. Diante de um indivíduo que apresenta febre durante o período de neutropenia pós-quimioterapia, portanto, a classificação do risco de complicações infecciosas graves em baixo ou alto permite que o clínico determine, entre outras coisas, o espectro dos agentes antimicrobianos escolhidos, assim como o tempo e o local de tratamento – em regime ambulatorial ou em internação. Ademais, esse mesmo nível de risco será fundamental para a indicação das profilaxias necessárias para os próximos ciclos terapêuticos, potencialmente indutores de neutropenia. Mais recentemente, os critérios descritos abaixo vêm sendo combinados a uma escala de risco desenvolvida pela Multinational Association for Supportive Care in Cancer (MASCC), que atribui pesos a determinados aspectos clínicos e laboratoriais, classificando em baixo risco os indivíduos que atingem pontuação superior a 21.

Característica
Peso
Escore de risco da MASCC
• Comprometimento do estado geral leve ou ausente*
5
• Comprometimento do estado geral moderado*
3
• Ausência de hipotensão (PAS >90 mmHg) 
5
• Ausência de doença pulmonar obstrutiva crônica 
4
• Tumor sólido ou doença maligna hematológica sem infecção fúngica pregressa
4
• Ausência de desidratação com indicação de reposição parenteral
3
• Paciente não internado
3
• Idade <60 anos
2
*As pontuações não são cumulativas.

Referência:
Freifeld AG et al. Clinical Practice Guideline for the Use of Antimicrobial Agents in Neutropenic Patients with Cancer: 2010 Update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis. 2011;52(4): e55-e93.