Síndrome de Wiskott-Aldrich | Revista Médica Ed. 1 - 2015

Teste que determina a expressão da proteína WASP define a síndrome de Wiskott-Aldrich

Doença rara de herança ligada ao X, causada por mutações no gene WASP, que codifica uma proteína de mesmo nome – do inglês, Wiskott-Aldrich syndrome protein (WASP) –, a síndrome de Wiskott-Aldrich (WAS) tem incidência estimada de 1 para cada 100.000 indivíduos. As manifestações clínicas, que podem estar presentes desde o nascimento, caracterizam-se por dermatite eczematosa e trombocitopenia associada a microplaquetas e sangramentos, sendo frequente a ocorrência de petéquias e equimoses difusas. Hemorragias graves, principalmente de trato gastrointestinal ou intracraniana, acometem cerca de 30% dos pacientes. Além disso, a WAS cursa com imunodeficiência e infecções como otite média recorrente e pneumonias, trazendo ainda um risco elevado de desenvolvimento de câncer e doenças autoimunes.


Tanto as funções do linfócito T quanto as do linfócito B estão afetadas nessa síndrome – razão pela qual a WAS é considerada uma imunodeficiência combinada – e, geralmente, há uma diminuição do número absoluto de tais células ao longo do tempo, resultando em linfopenia de intensidade variável. A imunidade inata também pode estar comprometida, com alteração da função das células natural killers, dos monócitos, dos macrófagos e das células dendríticas. 


Em conjunto com a história clínica, o hemograma é bastante informativo na investigação desses pacientes, uma vez que não apenas confirma a trombocitopenia, como também fornece detalhes sobre a morfologia e o volume plaquetário médio, acusando a presença das microplaquetas características. A determinação da expressão da WASP por citometria de fluxo, exame recém-incorporado à rotina do Fleury, define o diagnóstico da doença. A depender do contexto clínico e dos achados da citometria, o estudo genético para a confirmação final também pode estar indicado.




Diagnóstico diferencial

Expressão da WASP origina fenótipos patológicos diferentes

A proteína WASP é um regulador essencial da polimerização da actina nas células hematopoéticas e está envolvida com a sinalização, a locomoção celular e a formação das sinapses imunológicas. Nessa condição, observa-se estreita associação entre genótipo e fenótipo. Por esse motivo, além da WAS, que é o fenótipo patológico clássico, mutações no mesmo gene podem causar a trombocitopenia ligada ao X (XLT) e a trombocitopenia intermitente ligada ao X (IXLT). Pacientes com expressão diminuída da WASP desenvolvem a XLT ou a IXLT, enquanto os que expressam uma forma truncada da proteína ou não a expressam são acometidos pela WAS. A trombocitopenia ligada ao X em geral não provoca eczema ou infecções de repetição e é, com frequência, diagnosticada equivocadamente como púrpura trombocitopênica idiopática, principalmente na infância. 

ASSESSORIA MÉDICA
Imunologia
Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade
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Dr. Sandro Félix Perazzio
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Citometria de Fluxo
Dr. Alex Freire Sandes
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Dr. Matheus Vescovi Gonçalves
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Colaborou:
Alessandra Dellavance, assessora científica do Fleury