Grupo de especialistas propõe nova classificação para o câncer de pulmão | Revista Médica Ed. 8 - 2011

As mudanças envolvem basicamente o adenocarcinoma e justificam-se sobretudo pelo avanço na compreensão molecular de subtipos específicos do tumor.

As mudanças envolvem basicamente o adenocarcinoma e justificam-se sobretudo pelo avanço na compreensão molecular de subtipos específicos do tumor.

A determinação do subtipo histopatológico do câncer de pulmão fornece informações importantes sobre o prognóstico e é necessária para o tratamento. Tradicionalmente, tem sido baseada na avaliação de biópsias com colorações de rotina ou preparações citológicas, mas estudos complementares, como a imuno-histoquímica, ajudam cada vez mais os patologistas no diagnóstico. Os critérios de 2004 da Organização Mundial da Saúde são a base para a categorização do carcinoma pulmonar, mas novas ferramentas vêm sendo utilizadas e prometem alterar essa classificação.

Em 2011, um grupo multidisciplinar de especialistas, representando a International Association for the Study of Lung Cancer (IASLC), a American Thoracic Society (ATS) e a European Respiratory Society (ERS), propôs uma revisão do sistema da OMS. As mudanças sugeridas afetam principalmente o adenocarcinoma, que hoje responde por 40% dos casos de neoplasia pulmonar. A justificativa para as recomendações da IASLC/ATS/ERS baseia-se especialmente nos avanços na compreensão molecular de subtipos específicos do câncer de pulmão, os quais abriram novos caminhos para o tratamento, a exemplo dos inibidores da tirosinoquinase do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), hoje a opção preferida de terapêutica para pacientes com adenocarcinoma de pulmão metastático portadores da mutação ativadora característica no EGFR.

Da mesma forma, existe também uma terapia-alvo sendo desenvolvida para tumores com translocação EML4-ALK. Assim, na nova proposta de classificação do adenocarcinoma, o carcinoma bronquioloalveolar é eliminado. Por consequência, as lesões que anteriormente recebiam essa nomenclatura agora se enquadram em uma das várias categorias relacionadas com as fases de transformação de um dado tumor, até chegar ao adenocarcinoma amplamente invasivo. Além disso, nesse mesmo grupo de tumores, os papilíferos passam a ser divididos em papilífero e micropapilífero, este último associado com prognóstico particularmente ruim.

Em paralelo, o grupo da IASLC/ATS/ERS reforça que a distinção entre o carcinoma escamoso e outros cânceres de não pequenas células, sobretudo o adenocarcinoma, tem relevância para pacientes com doença avançada, já que certos agentes quimioterápicos são contraindicados em casos de histologia escamosa. Tanto é assim que recomenda a utilização de um painel imuno-histoquímico com p63, TTF-1 e citoqueratinas 5/6 quando as características histológicas não são suficientes para identificar uma linha específica de diferenciação.


Adenocarcinoma de pulmão

Classificação histológica dos tumores pulmonares, segundo a OMS 2004

Há ainda outros carcinomas de não pequenas células não classificáveis, que equivalem a 15% dos casos de neoplasia de pulmão, e outras neoplasias que não são carcinomas, que respondem por 5%.

Clique aqui para ler mais sobre a classificação OMS 2004.

Assessoria Médica
Dr. Leonardo de Abreu Testagrossa: [email protected]