Como pesquisar agentes associados a infecções respiratórias na infância

Identificar a etiologia do quadro ajuda a definir estratégias terapêuticas e de prevenção.

As infecções respiratórias agudas de origem viral constituem importante causa de morbimortalidade e seu impacto clínico costuma ser relevante em crianças. A identificação do agente associado a esses quadros permite avaliar a necessidade de terapia antiviral específica, melhor presumir o prognóstico e evitar o uso desnecessário de antibióticos, ajudando a definir estratégias para prevenir a propagação de tais doenças.

No contexto atual da pandemia de Covid-19, essa identificação ganha ainda mais relevância. Diferentes testes estão disponíveis para a detecção de vírus respiratórios, com metodologias distintas e variação na composição dos agentes pesquisados.

A novidade é que, agora, o painel molecular inclui a pesquisa do Sars-CoV-2, com desempenho equiparável ao teste de RT-PCR específico para o novo coronavírus.

 A tabela abaixo ilustra as particularidades de cada exame e o auxilia na escolha do teste mais adequado ao seu paciente. Já os métodos disponíveis especificamente para o diagnóstico da Covid-19 podem ser consultados em material complementar







TESTES DISPONÍVEIS NO FLEURY PARA A PESQUISA DE VÍRUS RESPIRATÓRIOS

Exame
Pesquisa de
vírus respiratórios
Teste rápido para VRS
Teste molecular para detecção do vírus INFA
Teste rápido
para INFA e INFB
Painel molecular para pesquisa de vírus e bactérias do trato respiratório por PCR
Pesquisa do DNA de B. pertussis e parapertussis por PCR
Pesquisa do DNA de C. pneumoniae e M. pneumoniae por PCR em tempo real
 
Método
Imunofluorescência direta
Imunocromatográfico
PCR em tempo real
Imunocromatográfico
PCR e hibridação
(film-array)
PCR em tempo real
PCR em tempo real
Material preferencial
Raspado (swab) + lavado de nasofaringe
Raspado (swab) de nasofaringe
Raspado nasal
Raspado nasal
Raspado nasal
Raspado (swab) de nasofaringe
Raspado (swab) de orofaringe
Outros materiais
Aspirado de nasofaringe e raspado de orofaringe
Lavado ou aspirado de nasofaringe e raspado de orofaringe
Lavado ou aspirado de nasofaringe, raspado de orofaringe e lavado broncoalveolar
Lavado ou aspirado de nasofaringe e raspado de orofaringe
Lavado ou aspirado de nasofaringe, raspado de orofaringe e lavado broncoalveolar
Lavado ou aspirado de nasofaringe
Escarro, aspirado ou secreção traqueal, lavado broncoalveolar e líquido pleural
Coleta
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença. A maior sensibilidade
aumenta a probabilidade de detecção também nos dias subsequentes
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença
Idealmente, coletar até o terceiro dia de doença. A maior sensibilidade aumenta a probabilidade de detecção também nos dias subsequentes
Idealmente, coletar até três semanas
após o início dos sintomas
Tem sensibilidade maior quanto mais precoce for a coleta em relação ao início dos sintomas
Agentes pesquisados
ADV, INFA, INFB, PIV 1 a 3 e VRS
VRS
INFA (incluindo H3N2), com discriminação do H1N1 pdm09
INFA e INFB
ADV, coronavírus (229E, HKU1, NL63, OC43 e Sars-CoV-2), Chlamydophila
pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae, hMPV, INFA (subtipo H1, H3 e H1-2009), INFB, PIV 1, 2, 3 e 4, rinovírus/ enterovírus, VRS e Bordetella pertussis
B. pertussis e B. parapertussis
M. pneumoniae e C. pneumoniae
Sensibilidade
• ADV: 38,1%
• INFA: 76,7%
• INFB: 78,4%
• PIV: 76,9%
• VRS: 93,5%
66% – 76%
>98%
85%
95%
70% – 99% (dependendo do momento da coleta, pois é decrescente com o tempo de evolução)
M. pneumoniae: 90% de detecção em amostras contendo oito cópias de DNA
C. pneumoniae: 100% de detecção em amostras contendo dez cópias de DNA
Especificidade
99%
90% – 92%
100%
100%
99%
86% – 99%
100%
Vantagens
• Abrange os principais vírus
respiratórios
• É altamente sensível para VRS
• Tem baixo custo
• Oferece agilidade no diagnóstico
• Tem baixo custo
• Define boa parte dos casos em crianças com menos de 2 anos
• Tem alta sensibilidade
• Apresenta maior tempo de
positividade
• Discrimina INFA-H1N1 pdm09
• Tem menor custo em relação a outras técnicas moleculares
• Define a maioria dos casos durante
a temporada de alta circulação de INFA
• Oferece agilidade no diagnóstico
• Tem baixo custo
• Define boa parte dos casos durante a temporada de alta
circulação de influenza
• Tem alta sensibilidade, sendo o único adequadamente sensível para ADV
• Apresenta maior tempo de positividade
• Permite agilidade do resultado
• Possibilita ampla diversidade de diagnósticos etiológicos simultâneos, inclusive coinfecções
• Configura-se como a única alternativa
para PIV4, hMPV, coronavírus (229E, HKU1, NL63, OC43), enterovírus e rinovírus
• Inclui bactérias no diagnóstico diferencial
• Inclui a pesquisa do Sars-CoV-2, com
desempenho equiparável ao teste de RT-PCR
• Apresenta sensibilidade maior que a da cultura
• Mantém-se positivo por mais tempo (três semanas) que a cultura (duas
semanas), em relação ao início dos sintomas
• Mantém-se positivo por mais tempo após o início do tratamento empírico (100% em cinco dias e 86% em 14 dias), em comparação à cultura (48h)
• Não sofre influência da vacinação (como pode ocorrer com a sorologia)
• Apresenta sensibilidade maior que a da cultura (não disponível na rotina) e da sorologia
• Possibilita diagnóstico rápido na fase aguda,
diferentemente da sorologia, que pode levar até duas semanas para se tornar positiva
• Permite diagnóstico de reinfecção, com
maior agilidade que a sorologia, que depende da coleta de amostras pareadas, com intervalo de duas a quatro semanas
• Exibe melhor desempenho analítico que
a sorologia
Desvantagens
• Tem sensibilidade inferior às técnicas moleculares
• Mostra-se menos ágil (não realizado no point-of-care)
• É inadequado para diagnóstico de ADV
• Tem sensibilidade menor em comparação às demais técnicas
• É direcionado apenas para VRS –
utilidade diagnóstica restrita a crianças
• Mostra-se menos ágil (não realizado no point-of-care) 
• É direcionado apenas para INFA
• Apresenta sensibilidade
menor em comparação às
técnicas moleculares
• É direcionado apenas para
Influenza
• Tem alto custo
• Não discrimina rinovírus de enterovírus
• Possui sensibilidade limitada para
B. pertussis: 65%
• Apresenta sensibilidade muito
reduzida depois de três semanas de sintomas
• Tem sensibilidade diminuída com o
tempo de evolução
Recomendação
• É adequado para crianças, devido
à alta sensibilidade para VRS e à
abrangência de outros vírus comuns, com sensibilidade razoável
• Na suspeita de influenza, considerar
testes moleculares em virtude da
maior sensibilidade (especialmente para definir indicação de
isolamento)
• Não usar na suspeita de ADV
• É adequado apenas para crianças, dada a alta prevalência de VRS
• Em casos de
doença grave ou para
definir indicação de isolamento, considerar menor
sensibilidade e prosseguir a
investigação com técnica molecular ou imunofluorescência
nos casos negativos
• É o teste preferencial na suspeita de influenza, dada a maior
sensibilidade
• Considerar possibilidade de INFB
conforme a epidemiologia da
temporada; nesse caso, preferir
teste rápido para influenza
• É adequado para casos leves e moderados durante
temporadas de alta circulação de influenza
• Em casos de doença grave ou para definir indicação de
isolamento, considerar menor
sensibilidade e prosseguir a
investigação com técnica molecular nos casos negativos
• É adequado para casos graves, com possibilidade de vários diagnósticos
diferenciais
• É o teste preferencial para doença respiratória aguda grave e para pacientes
imunossuprimidos
• Se a suspeita clínica for coqueluche,
preferir teste molecular direcionado
• É adequado para casos com suspeita clínica de coqueluche
e para contactantes de caso suspeito ou confirmado, mesmo
oligossintomáticos
• É adequado para suspeitas de infecção aguda ou reinfecção, inclusive envolvendo
trato respiratório inferior, sobretudo nas primeiras duas semanas da doença
Prazo de resultados
Em até 1 dia útil
Em até 2 horas
Em até 2 horas
Em até 2 horas
Em até 1 dia útil
Em até 3 dias úteis
Em até 3 dias úteis

Legenda: ADV: adenovírus; INFA: influenza A; INFB: influenza B; PIV: parainfluenza; VRS: vírus respiratório sincicial; hMPV: metapneumovírus humano.


Consultoria médica

Infectologia

Dra. Carolina Santos Lázari
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Dr. Celso Granato
[email protected]

Pediatria

Dra. Daniela Gerent P. Piotto
[email protected]

 Dra. Fernanda Picchi Garcia

[email protected]