Nirsevimabe ajuda a prevenir a infecção e complicações causadas pelo VSR em lactentes

Nirsevimabe ajuda a prevenir a infecção e complicações causadas pelo VSR em lactentes

O vírus sincicial (VSR)  é um dos principais causadores de infecções agudas do trato respiratório superior e inferior em lactentes. Felizmente, já existem estratégias para impedir a replicação do agente e prevenir complicações, como o anticorpo monoclonal nirsevimabe (Beyfortus®), sobre o qual você confere mais detalhes nesta oportunidade.

 ■ Por que o VSR configura motivo de apreensão em familiares e médicos? 

 O VSR é um vírus RNA, altamente infeccioso, transmitido por gotículas de secreções respiratórias e capaz de causar doenças respiratórias ambientais graves em bebês, crianças pequenas e idosos. Costuma ser particularmente agressivo em crianças prematuras e em portadoras de pneumopatia crônica e cardiopatias congênitas, assim como em outras condições. No entanto, 80% dos pacientes pediátricos internados em terapia intensiva em decorrência do VSR são crianças saudáveis e nascidas a termo. Estima-se que o agente responda por mais de 60% das infecções respiratórias em lactentes em todo o mundo.

■ Podem ocorrer complicações prolongadas após a resolução da infecção aguda?  

Sim. Algumas crianças se tornam “bebês chiadores”, apresentando quadros severos caracterizados por sibilância de reprodução, que, em geral, podem persistir até os 5 anos de idade.

■ Existe possibilidade de prevenir esses quadros?  

Sim. O nirsevimabe (Beyfortus®) é um anticorpo monoclonal que bloqueia a replicação do VSR e previne o desenvolvimento de doença grave nos seis meses seguintes ao seu uso.

■ O produto é seguro? 

 Sim. Além dos estudos clínicos que avaliaram o perfil de segurança em milhares de participantes, o nirsevimabe já é utilizado há cerca de dois anos no Hemisfério Norte e no Chile, não tendo surgido preocupações quanto à sua segurança desde então. Os eventos adversos apresentados incluíram curiosidades, reações locais e febre dentro de sete dias após a aplicação. 

■ A quem está indicado o nirsevimabe? 

 A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam a administração do produto, em qualquer mês do ano, em todas as crianças abaixo de 8 meses que passam pela sazonalidade do VSR, em especial se a mãe não tiver sido vacinada contra o vírus. Crianças até 24 meses de idade que permanecerem vulneráveis à doença grave causada pelo agente, em sua segunda temporada, também deverão receber profilaxia com o anticorpo monoclonal. Esse grupo abrange doenças pulmonares crônicas da prematuridade, doenças cardíacas congênitas com repercussão hemodinâmica, fibrose cística, doenças neuromusculares, anomalias congênitas das vias aéreas, imunodeficiência e síndrome de Down, mas não se restringem a tais casos. A administração do nirsevimabe em bebês menores de 8 meses cujas mães receberam a vacina contra o VSR na gestação, assim como em crianças com mais de 8 meses e sem comorbidades, pode ser considerada pelo pediatra de acordo com a situação epidemiológica e o risco individual, caso o profissional entenda que há benefícios. 

■ Como o produto deve ser utilizado? 

O nirsevimabe é administrado em dose única por via intramuscular profunda. Menores de 8 meses precisam de uma dose de 50 mg, se pesarem menos de 5kg, e de 100 mg, se pesarem 5 kg ou mais. Entre 8 e 23 meses de idade, a dose preconizada é de 100 mg, até 10 kg, e de 200 mg, com 10 kg ou mais, desde que a criança não tenha comorbidades nem risco para doença grave. Se, no entanto, houver risco de infecção grave nessa faixa etária, recomenda-se uma dose de 200 mg, independentemente do peso. Vale lembrar que o produto pode ser aplicado simultaneamente com os imunizantes de rotina, se necessário.

■ Qual a eficácia do nirsevimabe? 

 Os estudos clínicos iniciais descreveram uma eficácia de 70% a 75% para doença grave associada ao VSR. Entretanto, dados recentes, provenientes de experiência de vida real, demonstram uma efetividade ainda maior, que atingiu cerca de 80-90% nos seis meses após a administração do anticorpo monoclonal. 

■ Há contra-indicações para o uso do nirsevimabe? 

A única contraindicação absoluta é a história de evento alérgico grave (anafilaxia) após dose anterior do nirsevimabe ou após outros anticorpos monoclonais da classe IgG1.


Consultoria Médica em imunizações:

Dr. Daniel Jarowsky -    [email protected]