Que hipótese considerar diante de imagens de ultrassom e ressonância magnética com contraste hepatoespecífico?
Indivíduo do sexo masculino, 60 anos, assintomático e previamente hígido, realizou colonoscopia e ultrassonografia abdominal de rotina. O estudo colonoscópico identificou lesão ulcerada no reto e o resultado da biópsia foi de tumor neuroendócrino. A ultrassonografia, por sua vez, mostrou múltiplas pequenas formações nodulareshiperecogênicas, distribuídas de forma esparsa pelo parênquima hepático. Seguindo a investigação desses nódulos, foi realizada uma ressonância magnética do abdome, com sequências em T2 e T1, antes e depois da utilização do contraste endovenoso hepatoespecífico, o ácido gadoxético.
Qual o diagnóstico mais provável das lesões hepáticas?
A - Hemangiomas
B - Metástases
C - Esteatose multifocal
D - Nódulos de regeneração
E - Hepatocarcinoma multifocal
Ultrassonografia
ARQUIVO FLEURY
Ressonância Magnética
ARQUIVO FLEURY
Resposta do caso de nódulos hepáticos
Nas imagens de ressonância magnética (RM), é possível observar sinais de discreta sobrecarga férrica no fígado do paciente, caracterizados pelo hipossinal difuso do parênquima hepático em T2 e em T1 em fase. Da mesma forma, pode-se suspeitar de conteúdo gorduroso nos nódulos pela queda de sinal na sequência de supressão de gordura (T1 fora de fase), denotando esteatose multifocal, uma condição com alta prevalência na população adulta.
Por sua vez, a imagem da fase hepatobiliar pós-contraste hepatoespecífico, o ácido gadoxético, evidencia impregnação do contraste nos nódulos hepáticos, inferindo presença de hepatócitos funcionantes, e não de metástases, o que ratifica esse diagnóstico.
O papel da RM na diferenciação dos nódulos hepáticos
Embora a ultrassonografia seja muito utilizada na avaliação do fígado e com frequência encontre lesões focais incidentalmente, o método apresenta limitações de sensibilidade e especificidade, tornando o diagnóstico confiável apenas em poucos casos, como em hemangiomas típicos e cistos. Mesmo o emprego do Doppler duplex colorido também é restrito, visto que poucos nódulos têm fluxo vascular característico. Assim, a RM vem se destacando como método de escolha para avaliação hepática, especialmente devido às novas técnicas, como a difusão das moléculas de água, sequências colangiográficas, sequências volumétricas e sequências sensíveis à gordura e ao ferro.
Recentemente liberado para uso comercial no Brasil, o ácido gadoxético contribui de forma importante para diferenciar achados hepáticos de metástases em pacientes com tumores malignos extra-hepáticos já conhecidos, como o do presente caso. A substância combina as propriedades do contraste extracelular convencional, permitindo obter as fases dinâmicas do fígado (arterial, portal e de equilíbrio), com aquelas de um agente marcador específico de hepatócitos. Na prática, o contraste entra no espaço intracelular do hepatócito funcionante (fase hepática) e, posteriormente, é excretado para as vias biliares (fase biliar).
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