Devido à sua alta e crescente prevalência, o transtorno do espectro autista (TEA) é um quadro mundialmente relevante. Dados de estudos americanos publicados em dezembro de 2021 concluíram que uma em cada 44 crianças têm TEA naquele país.
Considerado um distúrbio do neurodesenvolvimento causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais, o TEA caracteriza-se por graus variados de comprometimento na interação social, na comunicação e na linguagem, associados a uma gama restrita de interesses e atividades, que tendem a ser realizados de modo repetitivo. O TEA pode ainda estar relacionado a diferentes comorbidades, como epilepsia, transtornos psiquiátricos e síndromes genéticas, entre outros.
Dada a heterogeneidade da condição, as crianças com TEA devem receber sempre uma atenção individualizada.
Exames laboratoriais nos pacientes com TEA
As crianças com TEA apresentam os mesmos problemas de saúde que afetam a população geral. Ademais, podem precisar de cuidados específicos relacionados ao quadro de base e a outras condições preexistentes. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) ressalta que, globalmente, o acesso aos serviços de saúde e o apoio a essa população e às suas famílias são inadequados.
A realização de exames laboratoriais nas crianças com TEA pode resultar em hiperestimulação associada ao ambiente e em estresse devido à quebra da rotina e à própria característica dos procedimentos. Além disso, a sensibilidade sensorial, os desafios de comunicação e a dificuldade para lidar com novas experiências podem trazer elevado grau de desconforto, afetando ainda a execução dos exames com sucesso.
O Projeto TEAcolher do Fleury
Há pouco mais de dois anos, a partir de uma parceria com o Núcleo de Autismo da Psiquiatria Infantil da Universidade Federal de São Paulo, o Fleury iniciou um projeto inovador e muito relevante – o TEAcolher, que visa a prestar atendimento individualizado aos portadores de TEA.
Em contínuo aprimoramento, a iniciativa já impactou muitas crianças e famílias, que contam com um fluxo ágil, espaço adaptado e equipe médica e de enfermagem treinada por programa de capacitação para um atendimento direcionado e acolhedor.
O projeto inclui:
Quadro destaque. The Beryl Institute Em novembro de 2021, o Projeto TEAcolher do Fleury foi destaque em Webinar do Beryl Institute, uma comunidade global de profissionais de saúde que trabalha há dez anos para transformar a experiência do paciente nos serviços de saúde. |
Acolhimento na prática
Como cada criança com TEA tem características específicas, a equipe de pediatras do Fleury realiza, previamente ao atendimento de pacientes com exames agendados, uma entrevista médica por telefone com os responsáveis. Para tanto, usa um questionário estruturado para obter informações individuais, que incluem desde necessidades especiais e restrições – a exemplo de sensibilidade ao toque, ao barulho e à iluminação – até as habilidades próprias, experiências prévias com exames, tipo de comunicação que preferem e presença de comorbidades, entre outras.
Esse contato antecipado possibilita que o pediatra, em conjunto com os pais, defina a melhor estratégia para receber a criança, favorecendo uma realização de exames acolhedora e efetiva, além de minimizar possíveis desconfortos. Ademais, permite o esclarecimento de dúvidas e orientações pertinentes a cada etapa do exame. Para alguns testes, são fornecidos roteiros ilustrativos (figura 1), o que confere maior suporte à criança e à família em relação à previsibilidade do procedimento, um dos principais pilares para concluir com êxito o atendimento desses casos.
O pediatra alinha com toda a equipe que vai acompanhar a criança as informações obtidas na entrevista e os cuidados específicos que devem ser dispensados ao paciente, seja na unidade do Fleury, seja no atendimento domiciliar, o Fleury em Casa.
Para os exames que não precisam de agendamento, se for de interesse da família ou do médico-assistente, o mesmo fluxo de entrevista pode ser previamente solicitado.
Quando necessário e indicado, o Fleury possui estrutura e equipe médica e multiprofissional especializada para a realização de exames sob anestesia, mediante agendamento prévio.
No Fleury Kids, vale lembrar que há sempre um pediatra presente nas unidades para acompanhar o atendimento e o andamento dos exames, além de oferecer suporte ao médico-assistente.
Quadro 2. Sala sensorial Projetada especialmente para as crianças com TEA, a sala sensorial, presente nas Unidades Paraíso, Morumbi, Braz Leme e Anália II, proporciona um ambiente confortável, silencioso e isolado, com estímulos táteis e brinquedos, promovendo alívio de estresse e distração antes ou depois da realização de exames. |
Figura 1. Roteiro ilustrativo: exame de sangue
Referências bibliográficas
Consultoria médica em Pediatria e Projeto TEAcolher
Dra. Ana Carolina Sarpi Martinez
Dra. Daniela Gerent Petry Piotto
Dra. Fernanda Picchi Garcia
Gerente médica sênior responsável pelo Fleury Kids
Dra. Maria Beatriz N. Hadler
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