Anticorpos anti-MOG definem subgrupo de afecções desmielinizantes que se sobrepõe às doenças do espectro da neuromielite óptica

Anticorpos anti-MOG definem subgrupo de afecções desmielinizantes

As doenças do espectro da neuromielite óptica (NMOSD, na sigla em inglês) caracterizam-se por uma desmielinização imunomediada grave, que envolve, sobretudo, os nervos ópticos e a medula espinhal. As apresentações típicas incluem episódios agudos de neurite óptica, que resultam em deficiência visual, ou de mielite transversa, evidenciada por fraqueza de membros, perda de sensibilidade e disfunção de esfíncteres. De evolução geralmente recorrente, essas doenças podem causar ainda outras manifestações associadas ao SNC.

Agora reconhecidas como uma entidade clínica distinta – e não mais como uma variante da esclerose múltipla –, as NMOSD têm, como principal alvo antigênico descrito, a proteína aquaporina-4 (AQP4), componente principal de canais de água em várias áreas do SNC. Os anticorpos anti-AQP4 representam elemento importante para o diagnóstico das NMOSD. Contudo, sabe-se que 12% dos pacientes com critérios clínicos e de imagem para NMOSD exibem resultados negativos para esse marcador.

É nesse contexto que, nos últimos anos, os anticorpos antiglicoproteína da mielina de oligodendrócitos (MOG, de myelin oligodendrocyte glycoprotein) vêm sendo extensivamente estudados. Localizada na superfície da mielina de oligodendrócitos, a MOG está presente, de forma exclusiva, no SNC e os anticorpos anti-MOG têm sido associados à patogenicidade neuroinflamatória em um subgrupo de pacientes com manifestações heterogêneas. Tais marcadores definem uma entidade clínica sobreposta (MOGAD, de MOG antibody-mediated disease) e possivelmente diversa, mas que, com frequência, preenche os critérios clínicos para a NMOSD. Nesses casos, tipicamente não há anti-AQP4.

As principais manifestações da MOGAD, que afeta crianças e adultos jovens com mais frequência, incluem mielite, neurite óptica (geralmente bilateral), encefalomielite desmielinizante aguda e encefalite. Níveis de anti-MOG que persistem elevados indicam maior probabilidade de recorrência de atividade da doença.

O Fleury introduziu a pesquisa dos anticorpos anti-MOG em sua rotina e segue a metodologia recomendada pelos consensos internacionais para vários autoanticorpos neuronais – a imunofluorescência indireta em células transfectadas (CBA, de cell based assay) com o soro obtido de sangue periférico. O resultado do teste, que conta com consultoria especializada, é liberado em até sete dias úteis.

Um grupo específico de pacientes 

Conheça as características de pacientes com anti-MOG positivo que os distinguem das NMOSD associadas ao anti-AQP4 ou soronegativas para ambos os anticorpos:

Maior probabilidade de: 

• Envolvimento do nervo óptico do que da medula espinhal 

• Neurite óptica simultaneamente bilateral 

• Doença monofásica ou com poucas recorrências

  • Menor chance de associação com outras doenças autoimunes 
  • Proporcionalmente maior acometimento de tronco cerebral e cerebelo 
  • Menor relação com a síndrome da área postrema (náuseas, vômitos e soluços) 
  • Ocorrência de lesões da medula espinhal, sobretudo nas porções mais baixas 
  • Possibilidade de encefalomielite disseminada aguda (ADEM), especialmente em crianças
  • Predomínio em crianças e adultos jovens 
  • Acometimento de mulheres e homens em proporção próxima a 1:1


CONSULTORIA MÉDICA 

Dr. Aurélio Pimenta Dutra 

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Dr. Luis Eduardo Coelho Andrade 

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