Anticorpos neutralizantes contra o Sars-CoV-2

Resultados negativos ou indeterminados não significam falta de resposta à vacina

Ainda não há estudos que avaliem precisamente a correlação entre os resultados dos ensaios disponíveis em laboratórios de análises clínicas para a pesquisa de anticorpos neutralizantes contra o Sars-CoV-2 e a resposta aos imunizantes utilizados no Brasil. Ainda assim, a experiência com o método validado no Fleury tem demonstrado resultados positivos em cerca de 70% das pessoas que se declaram vacinadas.

Um resultado reagente – que, no ensaio do Fleury, corresponde a valores acima de 35% de neutralização – pode ser útil para avaliar a resposta vacinal na prática clínica. Por outro lado, um resultado negativo não significa, necessariamente, falta de resposta ao imunizante. Isso porque nenhum exame tem 100% de sensibilidade para detectar esses anticorpos e analisar sua função, mesmo que estejam presentes no sangue do paciente. O fato é que alguns resultados negativos são esperados na pesquisa de anticorpos neutralizantes em pessoas vacinadas, o que não contraria os dados divulgados pelos desenvolvedores das vacinas em uso no Brasil.

Vale ponderar, contudo, que ainda não está claro qual o nível de anticorpos que pode ser considerado “protetor”, assim como não se sabe a durabilidade desses anticorpos. Dessa maneira, é fundamental que pessoas vacinadas mantenham as demais medidas de proteção contra o vírus, ainda que apresentem resultado positivo nesse exame.

Resultados indeterminados

Quando os anticorpos presentes no sangue do paciente reagem no ensaio realizado, porém em níveis baixos, o resultado é considerado indeterminado porque os valores encontrados não bastam para que se afirme, com segurança, que se trata de anticorpos neutralizantes.

Com base em sua ampla experiência acumulada em métodos imunológicos, o Fleury estabeleceu que resultados entre 20% e 35% de neutralização não correspondem, necessariamente, à presença de anticorpos específicos contra o Sars-CoV-2.

Dentre outros experimentos de validação desse teste, um grande número de amostras colhidas antes de 2019, quando o novo coronavírus não circulava entre seres humanos, foi submetido ao método imunoenzimático funcional. Algumas reagiram no ensaio em níveis de até 35%, demonstrando que, nessa faixa, podem realmente ocorrer reações cruzadas. Por isso, as amostras que hoje apresentam esse comportamento passam também pela técnica de eletroquimioluminescência para confirmar a presença de anticorpos anti-spike.

Se essa etapa é negativa, considera-se o teste como não reagente; caso se confirme a presença dos anticorpos anti-spike, o resultado é liberado como indeterminado, o que significa que o paciente tem anticorpos específicos contra o Sars-CoV-2, mas não há possibilidade de definir, com certeza, se apresentam atividade neutralizante. Nesses casos, pode ser necessário o seguimento sorológico.