Aplicações de PET-CT no câncer de mama

A tomografia por emissão de pósitrons associada à tomografia computadorizada com o radiofármaco.

A tomografia por emissão de pósitrons associada à tomografia computadorizada com o radiofármaco 18-fluorodesoxiglicose (PET-CT FDG) configura uma importante ferramenta na avaliação do câncer de mama.

No estadiamento, o exame pode identificar metástases a distância em pacientes com câncer de mama localmente avançado, carcinoma inflamatório ou subtipo triplo-negativo, que apresentam um comportamento mais agressivo. Nesses casos, a probabilidade de disseminação metastática é maior e a identificação precoce de lesões pode alterar significativamente o planejamento terapêutico, como a necessidade de quimioterapia neoadjuvante ou terapias sistêmicas.

O exame de PET-CT FDG também tem sido amplamente usado para detectarrecidivas do tumor, seja em caso de suspeita clínica, seja em caso de alterações de marcadores, uma vez que muitos pacientes ficam com alterações cicatriciais ou inflamatórias nos tecidos após o tratamento inicial, o que não raro dificulta a interpretação dos métodos de imagens convencionais. Nesse sentido, pode diferenciar recidivas de alterações benignas com maior precisão, especialmente em casos de metástases em locais como ossos, fígado e pulmões, e ainda se aplica ao reestadiamento diante de recidiva conhecida ou para seleção do melhor sítio de biópsia.

Já na avaliação da resposta ao tratamento, o exame de PET-CT FDG serve particularmente para pacientes submetidos à quimioterapia ou à terapia hormonal. A redução da captação de FDG após o tratamento, medida pelo SUV, indica resposta favorável, enquanto a persistência ou aumento da captação pode sugerir resistência terapêutica e necessidade de mudanças no tratamento.

Estradiol radiomarcado permite identificar receptores de estrógeno nas lesões de mama

O exame de PET/CT com fluoroestradiol (PET-CT FES), um estradiol radiomarcado, possibilita avaliação não invasiva de corpo inteiro da presença de receptores de estrógeno (RE) nas lesões mamárias primárias e secundárias.

Ao diferenciar entre áreas de tumor com e sem expressão de RE, notadamente em pacientes com metástases ou doença avançada, o método ajuda a guiar decisões terapêuticas, como a continuidade de terapias hormonais ou a necessidade de mudança para tratamentos mais agressivos. Ainda pode ser utilizado na seleção de pacientes metastáticos ao diagnóstico para hormonioterapia de primeira linha ou, após progressão, na seleção para hormonioterapia de segunda linha.

No estadiamento de tumores lobulares, que geralmente captam menos FDG, o estudo com FES também se mostra útil sobretudo para avaliar linfonodos extra-axilares e metástases a distância, além de poder verificar a presença de RE em lesões com biópsia indeterminada ou de difícil acesso, como as presentes no sistema nervoso central (SNC) ou próximas a grandes vasos.

Vale lembrar que, para realizar o exame, é necessária a suspensão de hormonioterapia antagonista de RE por tempo prolongado, o que, em alguns casos, pode contraindicar o método para esses pacientes, além de inviabilizar a avaliação de resposta à hormonioterapia. Por outro lado, os inibidores da aromatase não precisam ser suspensos antes do exame de PET-CT FES, já que não atuam nos RE.


Consultoria Médica

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