Aumento do perímetro cefálico em bebê de 2 meses de idade

Com base na história clínica e nas imagens ultrassonográficas, que hipótese cogitar?

Paciente masculino, 2 meses de idade, assintomático, apresentou aumento do perímetro cefálico em consulta de rotina, embora tivesse desenvolvimento neuropsicomotor normal e fontanela anterior patente, sem abaulamento. O pediatra solicitou, então, uma ultrassonografia (USG) transfontanela.


Os estudos ultrassonográficos obstétricos haviam evidenciado leve dilatação ventricular inespecífica. Na USG realizada na criança, observaram-se ventrículos laterais aumentados, com sinais de balonização (figura 1). As estruturas de fossa posterior tinham aspecto preservado, sem sinais de herniação à USG (figura 2).


Figura 1. Plano coronal evidencia ventrículos laterais aumentados.


Figura 2. USG realizada pelo acesso nucal, eixo longitudinal, mostra medula cervical com specto habitual, sem sinais de herniação de estruturas de fossa posterior.


Diante das alterações observadas, qual o diagnóstico?

  • Ventriculomegalia
  • Alargamento benigno do espaço subaracnoide
  • Macrocrania de causa familiar


Resposta do caso

A ventriculomegalia é uma das causas para o aumento do perímetro cefálico na infância, com diversas etiologias para seu aparecimento. O diagnóstico e o acompanhamento da condição no período pós-natal podem ser realizados por intermédio da ultrassonografia (USG) enquanto houver a patência das fontanelas, principalmente da anterior.

Após o fechamento das fontanelas, o seguimento requer outros métodos de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM), que, entretanto, apresentam características menos favoráveis para a população pediátrica, a exemplo de radiação ou sedação.

Nesse sentido, a USG, quando feita por profissionais experientes, permite o acompanhamento da condição de maneira inócua, sempre que necessário e enquanto as janelas acústicas estiverem patentes (figura 3), possibilitando o monitoramento dos ventrículos de maneira não invasiva, sobretudo naqueles casos com necessidade de seguimento clínico, de modo a reservar o uso da TC ou da RM para os casos em que o método ultrassonográfico realmente não esteja satisfatório.

Além de identificar as ventriculomegalias, a USG consegue fazer o diagnóstico diferencial de outras condições capazes de aumentar o perímetro cefálico, como a espessura do espaço subaracnoide (figura 4) e a presença de cistos.

O método ainda serve para acompanhar crianças que foram submetidas a procedimentos cirúrgicos para o tratamento da ventriculomegalia, como a derivação ventriculoperitoneal (DVP), já que avalia os ventrículos (figura 5) e detecta precocemente as possíveis complicações, a exemplo de obstrução da DVP e de sinais de hipertensão intracraniana, observados com a complementação da avaliação vascular.


Figura 3. Corte coronal evidencia ventrículos laterais dilatados.


Figura 4. Avaliação do espaço subaracnoide anterior mediante a USG, em plano coronal.


Figura 5. Corte coronal aponta ventrículos laterais dilatados, com presença de cateter de derivação ventriculoperitoneal.


CONSULTORIA MÉDICA

Dra. Lisa Suzuki
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Dra. Marcia Wang Matsuoka
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Dra. Silvia Maria Sucena da Rocha
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