Calprotectina fecal funciona como um bom marcador de inflamação intestinal | Revista Médica Ed. 2 - 2015

Dor abdominal crônica recorrente e alterações no hábito intestinal com episódios de diarreia são queixas frequentes nos consultórios de clínicos e pediatras.

Retocolite ulcerativa, doença cuja atividade pode ser avaliada pela dosagem de calprotectina.
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Dor abdominal crônica recorrente e alterações no hábito intestinal com episódios de diarreia são queixas frequentes nos consultórios de clínicos e pediatras. Para o médico generalista, o grande desafio é diferenciar quadros orgânicos (doença de Crohn, retocolite ulcerativa) de quadros funcionais (síndrome do intestino irritável). Para o gastroenterologista, a mesma dificuldade impõe-se no monitoramento da atividade de doença dos portadores de doenças inflamatórias intestinais (DII).


Nesse sentido, a dosagem de calprotectina fecal tem se mostrado um bom método tanto para a diferenciação entre quadros abdominais orgânicos e funcionais quanto no acompanhamento da atividade inflamatória das DII. A substância, afinal, é uma proteína ligadora de cálcio e zinco, presente nos granulócitos, e sua quantidade nas fezes depende da migração de neutrófilos da parede intestinal inflamada para a mucosa. Além disso, sua estabilidade à temperatura ambiente e sua resistência à degradação pelas enzimas proteolíticas do trato gastrointestinal fazem da calprotectina um bom marcador fecal de inflamação da mucosa intestinal.


Específico, sem invadir


Embora a colonoscopia seja o exame de referência para a diferenciação de tais casos, é importante para o gastroenterologista dispor de um método não invasivo de monitoramento para orientar a terapêutica, já que as DII caracteristicamente têm períodos de atividade intercalados comperíodos de remissão.


Mesmo porque os demais exames não invasivos indiretos classicamente utilizados nesse contexto, como provas inflamatórias (VHS e PCR), dosagem de hemoglobina e contagem de leucócitos nas fezes, refletem uma resposta sistêmica, quando alterados, e podem se apresentar da mesma forma em muitas outras situações clínicas, não se mostrando específicos para inflamação intestinal.


Assessoria Médica
Dra. Márcia Wehba Esteves Cavichio
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Dr. Jorge Luiz Mello Sampaio
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