Casos de aplasia pura da série vermelha têm perfil imunofenotípico próprio e devem ser testados para parvovirose, mostra estudo | Revista Médica Ed. 1 - 2018

O eritrovírus B19, da família Parvoviridae, é um agente que, durante o processo infeccioso, tem potencial de destruir os precursores eritroides, levando à aplasia pura da série vermelha.

Partículas de parvovírus agrupadas num pedaço de membrana celular.


O eritrovírus B19, da família Parvoviridae, é um agente que, durante o processo infeccioso, tem potencial de destruir os precursores eritroides, levando à aplasia pura da série vermelha. Os pacientes com esse quadro apresentam anemia com diminuição dos reticulócitos e achados morfológicos típicos no mielograma, como diminuição acentuada dos eritroblastos e presença de proeritroblastos gigantes.


Para uma melhor caracterização do setor eritroide nos casos de aplasia isolada e adquirida da série vermelha, o Grupo de Hematologia do Fleury avaliou, de forma retrospectiva, amostras de medula óssea de nove pacientes com mielograma sugestivo desse diagnóstico que também haviam realizado imunofenotipagem por citometria de fluxo. A análise da diferenciação eritrocítica foi realizada no citômetro FACS- Canto II, com anticorpos monoclonais que incluíram CD36, CD105, CD71, CD117, CD34, CD45, CD7 e CD19, tendo utilizado o software Infinicyt.


Os pacientes estudados, quatro do sexo masculino e cinco do feminino, tinham entre 4 e 66 anos de idade (mediana = 39 anos). O hemograma desse grupo apresentou hemoglobina, leucócitos e plaquetas com mediana de 9,3 g/dL (6,3 – 13), 3,9 x 106/L (1 – 10,3) e 171,5 x 106/L (6 – 485), respectivamente, e observou-se reticulocitopenia em todos os casos (mediana = 7.633/mm3).


O mielograma, por sua vez, evidenciou hipoplasia eritroide intensa e presença de proeritroblastos gigantes, enquanto a imunofenotipagem confirmou a intensa redução de eritroblastos, com número médio de 1,2% (0,2% - 4,5%). De forma interessante, essas células tinham perfil imunofenotípico característico, com elevado tamanho, granularidade aumentada e importante bloqueio maturativo na fase de proeritroblastos, além da expressão dos antígenos CD117, CD105, CD36, CD71 e CD45 de baixa intensidade. Para completar, quatro dos casos foram positivos para o eritrovírus B19, tendo sido três pela PCR e um pela sorologia.


“Os resultados mostraram que esses casos apresentam uma assinatura imunofenotípica peculiar, com redução global de eritroblastos e presença de eritroblastos de tamanho aumentado (CD71+/CD36+) que expressam exclusivamente os antígenos CD117 e CD105, um perfil equivalente ao achado morfológico de proeritroblastos gigantes”, esclarece o assessor médico do Fleury em Hematologia, Alex Freire Sandes. “Diante desses resultados na imunofenotipagem, recomendamos solicitar a PCR para o eritrovírus B19”, completa Alex.


Autores: Silva RG; Maekawa YH; Millan NM; Silva ACT; Chereghini AT; Daniel DC; Tamashiro N; Catelan TTT; Santos JGR; Gonçalves MV; Sandes AF.