Como interpretar os testes sorológicos de sífilis ? | Revista Médica Ed. 3 - 2013

Já que o diagnóstico combina reações treponêmicas e não treponêmicas, é preciso conhecer o momento certo do uso de cada técnica e, sobretudo, o significado de seus resultados

Já que o diagnóstico combina reações treponêmicas e não treponêmicas, é preciso conhecer o momento certo do uso de cada técnica e, sobretudo, o significado de seus resultados

A sífilis ainda ocorre com grande frequência em todo o mundo. No Brasil, apesar de não haver um levantamento preciso sobre sua incidência, cerca de cinco novos casos em adultos são notificados por dia no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. O diagnóstico da doença baseia-se na interpretação conjunta de testes sorológicos treponêmicos e não treponêmicos.

O Fleury realiza a sorologia de acordo com a Portaria N° 3.242, do Ministério da Saúde, de 30/12/2011. As amostras são inicialmente submetidas a um teste treponêmico de quimioluminescência (CMIA), que é altamente sensível e específico.

A seguir, as amostras reagentes ao CMIA passam por um teste não treponêmico, o rapid plasm reagin (RPR), uma reação de floculação que equivale, na prática, ao tradicional VDRL, mas com maior sensibilidade. Se os resultados forem concordantes, o resultado final é liberado como reagente. Caso haja discordância, a confirmação pede um segundo imunoensaio treponêmico (EIE). A combinação dessas técnicas resulta na seguinte interpretação:

Convém ponderar que a positividade isolada do teste não treponêmico sugere falsa reatividade biológica e deve suscitar a investigação de outras etiologias diferentes da sífilis. Na prática, as técnicas de floculação (RPR e VDRL) devem ser solicitadas isoladamente – isto é, não acompanhadas de um exame treponêmico – apenas para pacientes com diagnóstico prévio de sífilis, para fins do controle de tratamento. Nesse contexto, é fundamental executar a mesma técnica usada ao diagnóstico, uma vez que a diferença na sensibilidade entre as metodologias resulta em titulações diferentes de anticorpos.

Já as sorologias de pacientes com coinfecções e/ou imunodeficiências requerem interpretação individualizada, uma vez que podem apresentar comportamento particular.

É importante ressaltar que, nas gestantes sem história prévia de tratamento de sífilis, a positividade dos testes não treponêmicos deve ser valorizada em qualquer título e motivar prescrição de terapia adequada como parte dos esforços para prevenir a transmissão vertical da doença.

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Assessoria Médica
Dra. Carolina S. Lazari
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Dr. Celso Granato
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