Composição corporal por densitometria

Método faz avaliação personalizada da gordura, massa magra e conteúdo mineral ósseo.

Caso clínico

Paciente masculino, 46 anos, procurou o consultório para emagrecimento em janeiro de 2019. Referia diabetes tipo 2 havia um ano e fazia uso de metformina. Iniciou programa de dieta e exercícios, além de análogo de GLP-1. Após um ano e meio, apresentou a evolução a seguir




Interpretação da composição corporal por densitometria

Medidas da composição corporal por DXA

A composição corporal por densitometria por dupla emissão de raios X (DXA) calcula a quantidade de gordura, osso e massa magra, incluindo músculo, vísceras e água, e classifica os achados.

Avaliação da gordura corporal

O cálculo clássico do índice de massa corporal (IMC = peso em kg/altura em m²) para avaliar a gordura corporal é limitado: mede o excesso de peso, mas não distingue gordura de massa magra¹, além de considerar os mesmos pontos de
corte para homens e mulheres.

A partir dos dados da DXA, porém, pode-se determinar o índice de gordura corporal, ou fat mass index (FMI = gordura total em kg/altura em m²), que, ao contrário do IMC, avalia exclusivamente a gordura corporal e distingue valores de corte para ambos os sexos².

Vale ressaltar que a bioimpedância, outro método utilizado para avaliação da composição corporal, apresenta acurácia inferior³ e fornece sistematicamente valores menores de
percentual de gordura corporal que os da DXA, já que utiliza técnica diferente (corrente elétrica versus raios X).

Avaliação da distribuição da gordura

A chamada gordura ginoide encontra-se ao redor dos quadris e coxas e não se associa a aumento do risco cardiovascular. Já a gordura androide é aquela armazenada na região abdominal. Está associada com maior risco de hipertensão, diabetes e doença arterial coronariana por incluir o tecido adiposo visceral (VAT, do inglês, visceral adipose tissue), que corresponde à subtração do tecido adiposo subcutâneo da gordura androide.

A medida do VAT por DXA correlaciona-se bem com os valores observados por tomografia computadorizada, que, junto com a ressonância magnética, configura o método de escolha para a mensuração da gordura visceral. Na prática clínica, contudo, a DXA é o padrão porque oferece a melhor combinação de segurança, precisão e custo em comparação com outros métodos de medida de composição corporal⁴.


Entretanto, não existem ainda valores de referência para VAT bem estabelecidos. Em um estudo recente que envolveu 4.831 homens e mulheres australianos de 45 a 69 anos, o ponto ideal para prever síndrome metabólica foi 1.608 g, para homens. e 893 g, para mulheres⁵. Nessa publicação, o VAT foi superior às medidas antropométricas para a predição do risco cardiometabólico.

Avaliação da massa magra

Appendicular lean mass (ALM): massa magra dos braços somada à das pernas. Não inclui a massa magra do tronco (para evitar a inclusão de vísceras na avaliação da massa magra).

Índice de massa magra apendicular (ALM em kg/altura em m2): quando inferior ou igual a 7,0 kg/m², para homens, e inferior ou igual a 5,5 kg/m², para mulheres, sugere baixa massa muscular⁶.

Sarcopenia: falência progressiva e generalizada da musculatura esquelética, relacionada ao aumento de eventos adversos como quedas, fraturas, limitação física e mortalidade. A redução da força muscular é o critério mais importante para o diagnóstico de sarcopenia, que é complementado pela detecção da redução da quantidade (índice de massa magra apendicular) ou da qualidade muscular⁶.

Avaliação do conteúdo mineral ósseo
O conteúdo mineral ósseo (CMO) total é medido em gramas. O T/Z-score da densidade mineral óssea de corpo total não deve ser utilizado para classificar a massa óssea em adultos, conforme os critérios da OMS (osteoporose, osteopenia e normal). Os sítios para essa finalidade incluem coluna lombar, fêmures e, em algumas situações, antebraço.

Indicações para realizar composição corporal por DXA³

  • Status nutricional: obesidade, desnutrição, cirurgia bariátrica
  • Resultado de dietas e prática esportiva: em 12 semanas ou quando variar 10% do peso
  • Doenças crônicas: anorexia nervosa, afecções inflamatórias
  • Distribuição de gordura: lipodistrofia, mensuração de gordura visceral
  • População idosa: auxiliar o diagnóstico de sarcopenia



Referências
1. Yajnik CS, et al. The Y-Y Paradox. Lancet. 2004;363(9403):163.
2. Kelly TL, et al. Dual energy X-ray absorptiometry body composition reference values from NHANES. PLoS One. 2009;4(9):e7038.
3. Kendler DL, et al. The official positions of the International Society for Clinical Densitometry: indications of use and reporting of DXA for body composition. J Clin
Densitom. 2013;16(4):496-507.
4. Xia Y, et al. Relationship between dual-energy X-ray absorptiometry volumetric assessment and x-ray computed tomography-derived single-slice measurement of
visceral fat. J Clin Densitom. 2014;17(1):78-83.
5. Zhu K, et al. DXA-Derived vs Standard Anthropometric Measures for Predicting Cardiometabolic Risk in Middle-Aged Australian Men and Women. J Clin Densitom.
2022;25(3):299-307.
Evolução do percentual de gordura e IMC.
6. Cruz-Jentoft AJ, et al. Sarcopenia: revised European Consensus on definition and diagnosis. Age Ageing. 2019;48(1):16-31.


Consultoria médica

Endocrinologia

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