Deficiência da 3-β-OH-desidrogenase | Revista Médica Ed. 1 - 2016

A hiperplasia adrenal congênita (HAC) constitui um grupo de doenças metabólicas que têm, como causa, mutações em genes que codificam enzimas com participação essencial nas vias da esteroidogênese e produção de cortisol.

 SPL/LATINSTOCK
Cristais de cortisol, hormônio cuja produção fica comprometida na deficiência da 3-ß-OH-desidrogenase.


A hiperplasia adrenal congênita (HAC) constitui um grupo de doenças metabólicas que têm, como causa, mutações em genes que codificam enzimas com participação essencial nas vias da esteroidogênese e produção de cortisol.

Responsável por menos de 2% dos casos de HAC, a deficiência da 3-beta-hidroxiesteroide desidrogenase resulta em diminuição da síntese de cortisol, aldosterona e androstenediona, com aumento na secreção da di-hidroepiandrosterona (DHEA). Isso porque essa enzima, codificada pelo gene HSD3B2, localizado no cromossomo 1, e expressa no córtex da adrenal e nas gônadas, é necessária para a conversão da pregnenolona, da 17-hidroxipregnenolona e da DHEA em progesterona, 17-hidroxiprogesterona e androstenediona, respectivamente (figura).

O espectro clínico da doença é amplo. Na forma clássica, devido ao comprometimento da produção de cortisol e aldosterona, os lactentes apresentam sintomas precoces, com crises de perda de sal. Ademais, os meninos não são completamente virilizados, em decorrência da deficiência de androstenediona e testosterona, e as meninas são levemente virilizadas, notando-se, em alguns casos, um aumento do clitóris, consequente aos níveis elevados de DHEA. Já as formas mais brandas podem se manifestar com adrenarca precoce, nas crianças maiores, enquanto, nos adultos, observam-se hirsutismo, irregularidade menstrual e síndrome dos ovários policísticos, nas mulheres, e graus variáveis de hipogonadismo, nos homens.

O diagnóstico da doença depende da dosagem laboratorial da 17-OH-pregnenolona, que mostra níveis elevados tanto basais quanto após estímulo com ACTH. O teste está disponível na rotina das provas funcionais do Fleury e compreende as duas dosagens do hormônio, antes e 60 minutos após a administração de 250 µg de ACTH sintético.

  


Assessoria Médica
Dra. Rosa Paula Mello Biscolla
Dra. Milena Gurgel Teles Bezerra
Dra. Maria Izabel Chiamolera