Desreguladores endócrinos

Como ocorre a ação dessas substâncias, que pode se estender a gerações posteriores

O termo desreguladores endócrinos (DE) define uma substância ou uma mistura de substâncias exógenas que alteram uma ou várias funções do sistema endócrino, com efeitos adversos sobre a saúde do organismo.

Os impactos dos DE ocorrem por interferência na ação, produção, liberação, metabolismo ou eliminação dos hormônios, mimetizando ou antagonizando seus efeitos naturais. Muitas vezes, agem por mecanismos epigenéticos, o que explica sua atuação transgeracional, capaz de envolver a prole do indivíduo exposto e até as gerações seguintes.

Um dos primeiros DE foi o dietilestilbestrol, um estrogênio sintético muito utilizado na prevenção de abortamento entre 1938 e 1971. Pesquisadores descobriram associação entre seu uso em gestantes e o surgimento de adenocarcinoma de células claras de vagina em jovens mulheres e meninas (Herbst et al, NEJM, 1971), o que culminou com a suspensão de sua licença no ano 2000.

Nem sempre os desreguladores respeitam as curvas de dose-resposta monotônicas habituais, gerando consequências com doses muito baixas, inferiores às consideradas tóxicas pelos testes farmacológicos tradicionais. Seus efeitos também dependem da fase em que ocorre a exposição. O maior impacto se dá no período perinatal, na infância e na adolescência, quando as alterações metabólicas são mais pronunciadas.

Assim sendo, vários especialistas propõem que os testes toxicológicos para regulamentar os DE incluam os princípios da Endocrinologia, levando em conta doses muito baixas, ação em diferentes períodos do desenvolvimento e interação com receptores específicos do sistema endócrino. 

As substâncias já investigadas e com evidências de ação como DE estão bastante presentes no dia a dia. Para se proteger, a U.S. Environmental Protection Agency recomenda promover educação, preferir alimentação orgânica, não utilizar pesticidas em casa e em escolas/creches, seguir as precauções ao usar tais produtos e guardá-los longe das crianças, não consumir peixes de procedência duvidosa, não aquecer alimentos em potes plásticos, não armazenar alimentos gordurosos em plásticos, não oferecer mordedores plásticos e afins a crianças pequenas, lavar e descascar frutas e vegetais e, ainda, apoiar leis mais rígidas e pesquisas sobre DE.



CONSULTORIA MÉDICA

Maria Izabel Chiamolera

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