Distrofia muscular de Duchenne | Revista Médica Ed. 4 - 2014

Doença muscular hereditária mais comum, com incidência estimada de 1:3.600 nascidos vivos masculinos, a distrofia muscular de Duchenne (DMD) tem herança recessiva ligada ao X, embora, em cerca de 30% dos pacientes, seja causada por uma mutação

Doença muscular hereditária mais comum, com incidência estimada de 1:3.600 nascidos vivos masculinos, a distrofia muscular de Duchenne (DMD) tem herança recessiva ligada ao X, embora, em cerca de 30% dos pacientes, seja causada por uma mutação nova no gene que codifica a distrofina, localizado no locus Xp21. A distrofina é uma proteína de membrana que, em conjunto com outras, forma um complexo importante na manutenção da integridade da estrutura que delimita a célula muscular. 


Em geral, as manifestações clínicas começam em idade precoce, na infância, com destaque para fraqueza na cintura pélvica, quedas frequentes e dificuldade para levantar. O quadro, progressivo, afeta a deambulação, em geral ainda na primeira década de vida, e, na evolução, estende-se para a musculatura respiratória e cardíaca, principais causas de morte nesses pacientes. O comprometimento intelectual também é bem estabelecido na doença.


A confirmação diagnóstica pode ser feita por exame genético-molecular específico, tanto por meio da coloração imuno-histoquímica de cortes de tecido de biópsia muscular, em que se evidencia a deficiência ou o defeito da distrofina, quanto por análise do DNA em sangue periférico. 


Contudo, até um terço dos meninos com distrofia de Duchenne tem resultados falso-negativos no exame de sangue. Já a biópsia, embora invasiva, permite a identificação de todos os casos. Ocorre que o estudo histológico evidencia as alterações peculiares da doença (veja quadro) e a análise imuno-histoquímica detecta níveis de distrofina inferiores a 3% do normal, observados na DMD clássica.


Vale lembrar que outros testes contribuem para auxiliar a investigação do quadro, embora não devam ser utilizados para o diagnóstico. O nível sanguíneo de CPK, por exemplo, está caracteristicamente aumentado na DMD, mesmo nos estágios pré-sintomáticos. Da mesma forma, a eletromiografia mostra aspectos miopáticos. 


 ARQUIVO FLEURY 

Alterações histológicas características da DMD


  • Proliferação de tecido conjuntivo endomisial (A)
  • Fibras musculares em degeneração e em regeneração, com reação macrofágica (A)
  • Muitas fibras hipercontraídas (A)

  • Acentuada deficiência na marcação para a proteína distrofina ao nível da membrana das fibras (B) em comparação com biópsia muscular normal (C)


Assessoria Médica
Dr. Edmar Zanoteli
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Dra. Maria Angela do Amaral Gurgel Vianna
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