Doença de Wilson | Revista Médica Ed. 2 - 2018

O quadro, considerado raro, está associado a um defeito no metabolismo do cobre, com consequente acúmulo do mineral e comprometimento especialmente hepático, neurológico e psiquiátrico, em espectros variáveis.

 Fígado cirrótico em portador da doença de Wilson.  


Com prevalência estimada em um caso para cada 30.000 a 40.000 indivíduos, a doença de Wilson (DW) está associada a um defeito no metabolismo do cobre, com consequente cúmulo do mineral e comprometimento especialmente hepático, neurológico e psiquiátrico, em espectros variáveis.

Metal fundamental para diversos processos bioquímicos do organismo, o cobre é obtido pela dieta e sua homeostase depende do equilíbrio entre absorção, pelo trato gastrointestinal, e excreção, que ocorre principalmente pela via biliar. Existem diferentes mecanismos de eliminação do mineral por essa via, mas a maior parte envolve uma bomba tipo ATPase, expressa nos hepatócitos.

A DW tem etiologia genética, de herança autossômica recessiva, e decorre de mutações no gene ATP7B, localizado no cromossomo 13, que responde justamente pela codificação da ATPase transportadora de cobre – mais de 500 alterações relacionadas à doença já foram identificadas nesse gene.

O diagnóstico do quadro deve ser suspeitado em indivíduos de 3 a 60 anos de idade que apresentem uma combinação de achados clínicos e laboratoriais.

O teste genético, quando identifica variantes patogênicas bialélicas no gene ATP7B, confirma o diagnóstico da doença.


Achados clínicos

  • Doença hepática caracterizada por icterícia recorrente, hepatite aguda autolimitada, insuficiência fulminante ou doença hepática crônica
  • Apresentações neurológicas como distúrbios do movimento ou distonias
  • Conjunto de sinais psiquiátricos que inclui depressão, comportamento neurótico, alteração de personalidade e, ocasionalmente, deterioração intelectual
  • Anéis de Kayser-Fleisher decorrentes do acúmulo de cobre na periferia da córnea



Achados laboratoriais

  • Ceruloplasmina em níveis séricos baixos – produzida no fígado, a ceruloplasmina é uma proteína (alfa-2-globulina) com função de transportar o cobre plasmático
  • Cobre sérico total diminuído, o que se deve à queda dos níveis de ceruloplasmina
  • Cobre urinário geralmente aumentado (urina de 24 horas)
  • Concentração elevada de cobre em tecido hepático



Ficha técnica
Teste molecular para doença de Wilson
Gene pesquisado: ATP7B
Método: Sequenciamento de nova geração (NGS) de todas as regiões codificantes e flanqueadoras adjacentes aos éxons do gene ATP7B
Amostra: sangue total ou saliva*
Resultados: acompanhados por um laudo interpretativo
*Exclusivo para a plataforma Fleury Genômica



Assessoria Médica
Bioquímica
Dr. Gustavo Loureiro
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Dr. Nairo M. Sumita
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Genética
Dr. Caio Robledo Costa Quaio
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Dr. Carlos Eugênio Fernandez de Andrade
[email protected]
Dr. Wagner Antonio da Rosa Baratela
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