Dosagem de tiroxina livre após diálise por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas em tandem

Desenvolvido pelo Fleury, o método permite maior precisão nos resultados do teste.

Introdução

A quantidade circulante da fração livre da tiroxina (T4l) é extremamente baixa, correspondendo a cerca de 0,02% de todo o T4 circulante, por isso a dificuldade de obter testes de dosagem adequados para medir esse hormônio.

O primeiro método desenvolvido para dosar o T4l era indireto, o índice de T4 livre, avaliava a relação do iodo ligado às proteínas plasmáticas (PBI) ou do T4 total com a captação de T3. Diferentes técnicas indiretas foram desenvolvidas posteriormente, valendo-se de marcação com material não radioativo, e permanecem sendo utilizadas em sistemas automatizados na rotina atual. Esses ensaios, porém, apresentam algumas limitações, em especial relacionadas à definição de valores de referência e à harmonização entre os diferentes fabricantes e métodos, além de variações associadas à concentração de proteínas de ligação.

Os métodos diretos para medir o T4l envolvem uma separação física (diálise ou ultrafiltração) das frações ligadas às proteínas e das livres, seguida por uma medição direta da fração livre na amostra. Essa metodologia, contudo, é pouco disponível por se mostrar muito trabalhosa, demorada e cara, embora tenha sido considerada o padrão-ouro de dosagem do T4l durante muitos anos.

O desenvolvimento de métodos para medir a fração livre por cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas sequencial (LC-MS/MS) abriu uma nova fronteira nessa área de estudo. Um método de referência foi publicado pela Federação Internacional de Química Clínica e Medicina Laboratorial em 2011 e forneceu um modelo básico para a criação de novas metodologias para a dosagem de T4l com base em diálise de equilíbrio e LC-MS/MS.

Indicações

Situações em que a dosagem de T4l após diálise é considerada padrão-ouro:

Gestaçãoalterações nos níveis da globulina transportadora de tiroxina (TBG) durante a gravidez podem levar a valores mais baixos de T4l em alguns métodos indiretos. A dosagem por um método direto após diálise avalia de maneira mais acurada os níveis circulantes de T4l nesse período.

Presença de interferentes: na presença de anticorpos heterofilos ou antianimal, a dosagem de T4l realizada por ensaios indiretos pode resultar falsamente alta, sugerindo uma tirotoxicose que não existe.

Hipotiroidismo central: o diagnóstico laboratorial do hipotiroidismo central se baseia na presença de T4l baixo ou normal-baixo, com TSH também normal ou baixo. A dosagem precisa do T4 livre nessas situações é fundamental para a confirmação da hipótese diagnóstica.

Alteração nas proteínas carreadoras: tanto nas situações de hiper ou hipoconcentração de TBG quanto na hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar, as dosagens de T4l pelos métodos indiretos podem sofrer interferência da alteração da ligação do hormônio com proteínas plasmáticas, ocasionando resultados falsamente elevados ou baixos.

Métodos

Diálise de equilíbrio seguida de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (ED-LC-MS/MS), desenvolvida pela área de Pesquisa & Desenvolvimento do Fleury, que conta com 19 anos de experiência no uso da técnica de espectrometria de massas.

Sensibilidade/limite de quantificação
0,4 ng/dL

Preparo para o exame

Não é necessário jejum. Caso esteja utilizando hormônio tiroidiano (Euthyrox®, Puran T4®, Levoid® ou Synthroid®), o paciente deve fazer a coleta antes da próxima dose ou, no mínimo, quatro horas após a ingestão do medicamento.


REFERÊNCIAS

Clark F, Horn DB. Assessment of thyroid function by the combined use of serum protein bound iodine and resin uptake of 131I-triiodothyronine. J Clin Endocrinol Metab 1965; 25:39-45.

Rosenfeld L. Free thyroxine index. A reliable substitute for “free” thyroxine

concentration. Am J Clin Pathol. 1974; 61:118-123.

Midgley JEM. Indirect and indirect free thyroxine assay methods: theory and practice.

Clin Chem. 2001; 47:1353-1363.

De Grande LAC, Van Uytfanghe K, Reynders D, DasB, Faix JD, MacKenzie F, Decallonne B, Hishinuma A, Lapauw B, Taelman P, Van Crombrugge P, Van den Bruel A, Velkeniers B, Williams P, Thienpont LM. Standardization of free thyroxine measurements allows the adoptionof a more uniform reference interval. Clin Chem2017; 63:1642-1652.

Glinoer D. The regulation of thyroid function in pregnancy: pathways of endocrine adaptation from physiology to pathology. Endocr Rev. 1997; 18:404-433.

Lee RH, Spencer CA, Metsman JH, Miller EA, Petrovic I, Braverman LE, Goodwin TM. Free T4 immunoassays are flawed during pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 2009; 200:260.e1-6.

Sapin R, d’Herbomez M. Free thyroxine measured by equilibrium dialysis and nine

immunoassays in sera with various serum thyroxine-binding capacities. Clin Chem. 2003; 49:1531-1535.

Clinical Laboratory and Standards Institute (CLSI). Measurement of free thyroid hormones: approved guideline. CLSI document C45-A [ISBN 1-56238-549-8]. CLSI, Wayne, PA, USA, 2004.

Soldin SJ, Soukhova N, Janicic N, Jonklaas J, Soldin OP.The measurement of free thyroxine by isotope dilution tandem mass spectrometry. Clin Chim Acta. 2005; 358:113-118.

Van Houcke SK, Van Uytfanghe K, Shimizu E, Tani W, Umemoto M, Thienpont LM. IFCC international conventional reference procedure for the measurement of free thyroxine in serum: International Federation of Clinical
Chemistry and Laboratory Medicine (IFCC) working group os standardization of thyroid function tests (WG-STFT)(1). Clin Chem Lab Med. 2011; 49:1275-1281.


Consultoria médica

Dr. José Viana Lima Junior

[email protected]

Dra. Maria Izabel Chiamolera

[email protected]

Dr. Pedro Saddi

[email protected]

Dra. Rosa Paula M. Biscolla

[email protected]

Dr. Rui Maciel

[email protected]